Houve, pelo menos, 459 mortes nas estradas portuguesas até 31 de dezembro de 2022, segundo os dados provisórios da sinistralidade rodoviária cedidos ao JN pelo Ministério da Administração Interna e que dizem respeito aos óbitos ocorridos no local do acidente ou durante o transporte até à unidade de saúde. Feitas as contas, trata-se de menos 15 vítimas mortais quando comparado com o mesmo indicador de 2019.
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De acordo com o relatório anual de sinistralidade rodoviária de 2019, nesse ano foram declarados 474 óbitos no local do acidente ou nas 24 horas seguintes. Em 2022, os dados provisórios a 24 horas apontam para 459 mortes, o que significa uma redução de 15 vítimas.
De acordo com o gabinete do ministro da Administração Interna, os dados a 30 dias - ou seja, o número de feridos que acabam por morrer nos hospitais nos 30 dias após o acidente - "não foram, até à data, apurados".
Em 2019, o número de mortes na estrada a 30 dias foi de 626, o que significa um acréscimo de cerca de 32% face às mortes no local do acidente.
Os relatórios de 2020 e 2021, anos que ficaram marcados pelos confinamento ditados pela pandemia, ainda só têm dados das mortes no local do acidente ou a 24 horas. Assim, em 2020 contam-se 390 mortes nas estradas e, em 2021, o ano fechou com 401 vítimas mortais.
Os relatórios de 2020 e 2021, disponíveis no site da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, ainda não contemplam informação sobre as mortes a 30 dias, o que faz com que a realidade da sinistralidade rodoviária nesses anos ainda não seja totalmente conhecida.
Questionado esta semana pela Lusa sobre os atrasos na publicação de estatísticas relativas a acidentes rodoviários em Portugal, o presidente da ANSR justificou-se com problemas na transmissão de dados.
Informatizar sistema
"A recolha de dados é um processo em cadeia, a ANSR tem por missão coletar os dados a nível nacional que provêm das forças de segurança e a transmissão de dados das forças de segurança tem tido alguns problemas", disse Rui Ribeiro, na apresentação dos dados da campanha de Natal e de Ano Novo que ficou marcada por mais mortos nas estradas em relação ao ano passado.
Rui Ribeiro esclareceu ainda que a culpa no atraso de divulgação de dados da sinistralidade não é das forças de segurança, mas sim de "todo um processo", que é preciso consolidar para que os dados sejam o mais realistas possível.
O responsável precisou também que há uma consolidação de dados que é preciso ser feita "e na realidade isso provoca alguns atrasos", estando atualmente a ANSR a trabalhar na informatização de todo o sistema de transmissão de dados.
"A consolidação de dados é fundamental. É necessário informatizar todo o sistema de transmissão de dados e é nisso que temos estado a trabalhar. Temos estado a trabalhar muito afincadamente com as forças de segurança, estamos num processo de afinar as metodologias de comunicação para que brevemente a comunicação seja instantânea entre as forças de segurança e a ANSR e, nessa altura, os dados ficam disponíveis rapidamente", sublinhou.
Questionada sobre o tema, a secretária de Estado da Proteção Civil afirmou que "a ANSR tem feito um esforço para que a publicação dos dados volte à regularidade que era normal".