Antigos alunos acusam Politécnico do Porto de tratar estudantes "como mercadorias"
Os antigos alunos da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG) endureceram as críticas em relação à presidência do Instituto Politécnico do Porto (IPP) prometendo protestos, enquanto a visada garante que a reforma está "altamente legitimada".
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"A aprovação do IPP, por proposta da sua presidência, de um documento que não considerou como válidos os pareceres de vários órgãos das escolas integrantes no Instituto foi um claro desrespeito por estas escolas e seus representantes", referiu, em comunicado, a Associação de Antigos Alunos da ESEIG, escola que pertence ao Politécnico e está localizada em Vila do Conde/Póvoa de Varzim.
Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente do IPP, António Marques, disse "compreender que o processo gere emocionalidade", mas reiterou que esta foi uma reforma "altamente legitimada", recordando que a reestruturação foi aprovada com um voto contra e uma abstenção num Conselho Geral que é constituído 35 pessoas.
A reestruturação do IPP, aprovada a 10 de fevereiro, inclui passar das atuais sete escolas para oito, na reafetação de 17 cursos entre unidades orgânicas, na descontinuidade de dois e na criação de três novos.
Um dos aspetos desta reestruturação que está a gerar mais polémica é a mudança prevista para o polo 2 que atualmente é ocupado pela ESEIG, unidade que será transformada em Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT), somando-se a criação da Escola Superior de Media e Design (ESMD).
Na mesma nota os antigos alunos avançam que vão articular ações de protesto com as associações de estudantes das várias escolas do IPP, lançar uma campanha de informação junto dos alunos da ESEIG, lançar uma petição a entregar na Assembleia da República e estudar a possibilidade de formalizar uma providência cautelar.
A Associação de Antigos Alunos da ESEIG fala em "calendário escolhido para este é displicente, na medida em que limita a possibilidade de esclarecimento e/ou contestação dos alunos e corpo docente das diferentes escolas em virtude da época de exames que decorreu".
Mas António Marques recordou, ao reforçar que o processo está a ser "amplamente participado" que, "atendendo a uma proposta do Conselho Técnico-Científico da ESEIG e de algumas associações de estudantes" estão a ser constituir comissões de transição por curso.
"Queremos que este processo seja finalizado dentro dos prazos que nos permita preparar o próximo ano letivo adequadamente", referiu o responsável do IPP, referindo-se ao concurso nacional de acesso.
Os antigos estudantes fala em "atrapalhação na presidência do IPP" devido à contestação, acusando-a de "ter previsto que este processo decorresse escondido da opinião pública tratando os estudantes e docentes como meras mercadorias que se mudam de um armazém para outro".
No entanto, segundo António Marques foi "preocupação" do IPP fazer com que este processo "fosse o mais participado possível": "Fizemos reuniões com os representantes dos órgãos de gestão de todas as escolas e no dia em que estabilizamos a reforma apresentamo-la de manhã aos representantes dos científicos, pedagógicos e presidências e de tarde às associações de estudantes", garantiu o responsável, que hoje esteve reunidos com representantes de cursos na ESEIG.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da associação de estudantes da ESEIG, Diogo Peixoto, revelou que durante as reuniões de hoje sentiu que "alguns alunos ficaram tranquilizados e outros nem por isso, alguns mantém as dúvidas de como tudo irá decorrer e outros não".
Diogo Peixoto avançou que a "marca" ESEIG é "muito querida e importante" pelo que "percebe" as posições "mais fortes" até aqui demonstradas, garantindo que continuará a "dialogar" com o IPP e a "pedir" que a "marca" seja "salvaguardada" e "todos esclarecidos".