Não foi novidade para Manuel Mendes a vitória do PS. O motorista de Guimarães não ficou agradado com o resultado, mas "o PS não ganhou por maioria, já é bom", ressalva, enquanto argumenta que "António Costa não se portou bem" e "foi por isso que não teve maioria".
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Na tarde de ontem, à saída do pavilhão da vila de Lordelo, em Guimarães, Manuel Mendes guardava o cartão de cidadão utilizado para protestar por via do voto. O eleitor, de 56 anos, motorista de pesados, não perdoa o Governo, a quem acusa de ter estado mal no caso das duas greves dos motoristas de matérias perigosas, e refletiu o sentimento na hora de escolher onde colocar a cruz.
Por isso, fica claro quem esteve sempre fora da equação. "No nosso caso, dos motoristas, de certeza que ninguém votou no Governo que está, porque foi completamente contra nós".
Em causa está o que diz ser "a habilidade" do Governo quando decretou "serviços mínimos que foram para lá de serviços máximos", esclarece, ao mesmo tempo que não perdoa o facto de muitos colegas serem intimados com processos disciplinares na sequência da greve.
"O Governo deu apoio aos patrões e deu a entender que os patrões é que mandavam no Governo", acusa o vimaranense.
Motorista de matérias perigosas há décadas, Manuel Mendes é um dos responsáveis pelo abastecimento de combustível da zona Norte. A empresa para a qual trabalha (transportes Nogueira, de Famalicão) abastece os postos da GALP em viagens de várias horas para que os combustíveis não faltem.
Como principal problema no seu ramo, aponta a "falta de fiscalização do Estado", nomeadamente da ACT e Segurança Social, pois "há patrões a pagar mais de metade do salário, todos os meses, em ajudas de custo para fugir aos impostos". v