O número de situações de bullying reportadas à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) cresceu 181%. Mais de metade das 227 vítimas apoiadas, entre 2020 e 2022, tinham entre 11 e 17 anos. Os números são divulgados no Dia Mundial de Combate ao Bullying que se assinala esta sexta-feira.
Corpo do artigo
“O bullying é uma realidade preocupante, para a qual importa sensibilizar. A APAV alia-se ao combate deste tipo de violência, alertando para o seu impacto nas vítimas, seus familiares e amigos. Neste período de dois anos, o número de situações de bullying reportadas à APAV cresceu 181%. Mais de 50% das vítimas de bullying que foram apoiadas na APAV entre 2020 e 2022 tinha entre 11 e 17 anos de idade”, lê-se no comunicado.
O número não parou de crescer nos últimos três anos. Entre 2020 e 2022, a APAV apoiou um total de 227 vítimas de bullying, a maioria de nacionalidade portuguesa. Os distritos com mais vítimas são Lisboa (29,1%), Porto (16,3%) e Braga (6,6%). Na maioria dos casos (70,9%), o agressor era da mesma escola e também da mesma turma que a vítima. Mais: grande parte das situações de bullying (81,7%) ocorreram no estabelecimento de ensino que apenas teve conhecimento de 164 do total das que chegaram ao conhecimento da APAV.
Quanto à escolariedade das vítimas, 17,2% tinham o 2.º ciclo, 16,3% o 1.º ciclo e 15,4% o 3.º ciclo do ensino básico.
Violência verbal é mais exercida
A violência verbal (37,8%) predomina entre os casos de bullying, embora seja de destacar também a violência física (32,7%). A maioria dos autores era do sexo masculino e tinham entre 11 e 17 anos. Nota para 19 autores que tinham até 10 anos de idade.
Segundo os dados da APAV, para a maior parte das vítimas (65,2%) não foi feita queixa ou apresentada denúncia junto das autoridades competentes. Já entre as 44 vítimas que o fizeram, a maior parte (43,2%) recorreu à Guarda Nacional Republicana (GNR).
A APAV nota ainda que “a maioria das crianças e jovens estabelece relacionamentos positivos com os seus colegas e amigos”, mas alerta que podem “existir situações em que a violência tem lugar, provocando mal-estar, desconforto, medo, vergonha e insegurança na vítima”.
“Se está a ser ou conhece quem esteja a ser vítima de bullying, contacte a Linha de Apoio à Vítima da APAV: 116 006 (chamada gratuita e confidencial, dias úteis das 8h às 22h)”, aconselha a associação de apoio à vítima.
GNR registou 140 crimes de 'bullying' e 'cyberbullying' no ano letivo 2022/2023
Já a Guarda Nacional Republicana (GNR) registou 140 crimes de 'bullying' e 'cyberbullying' no ano letivo 2022/2023.
Em comunicado, a GNR refere que, no âmbito das suas competências em matéria de prevenção criminal, desenvolveu 1.285 iniciativas de sensibilização no ano letivo passado.
Com estas ações a GNR "pretende alertar e sensibilizar a população em geral e, em particular, as crianças e jovens", numa "estratégia de consciencialização que visa contribuir para a mudança de comportamentos da sociedade e para a progressiva intolerância social face à violência nas escolas".