Em outubro, houve 34 mil prestações de assistência a descendentes, mais 31% que em 2021. Vírus respiratórios estão na base do aumento.
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O número de subsídios para assistência aos filhos atribuídos pela Segurança Social no mês de outubro atingiu um recorde para esta época do ano. Nunca em outubro houve tantas prestações pagas. Ao todo, foram 34 273 subsídios atribuídos, mais 31% do que no ano passado e mais 82% do que antes da pandemia. O fenómeno é explicado pelos vírus respiratórios que chegaram mais cedo e em força.
Os dados da Segurança Social, consultados pelo JN, mostram que, pela primeira vez, foram atribuídos mais de 30 mil subsídios por assistência aos filhos em outubro. No mesmo mês do ano passado, foram 26 mil, em 2019 foram 19 mil e, em todos os anos anteriores, o número foi sempre menor.
Este subsídio é atribuído quando os pais trabalham e têm de ficar em casa a tomar conta dos filhos por motivos de doença ou de acidente. Uma vez que "faltam" ao trabalho, para não perderem a remuneração, a Segurança Social assume a totalidade do salário diário do progenitor. O valor médio do subsídio de outubro foi de 144 euros e 20 cêntimos, o mais baixo desde março de 2020.
O aumento do número de subsídios atribuídos significa que há mais crianças e jovens a precisar de apoio dos pais, o que é atribuído aos vírus respiratórios. "Há um início mais precoce da época de síndromes gripais do que é habitual", esclarece, ao JN, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges.
As autoridades internacionais estão atentas ao fenómeno e já recomendaram, por um lado, prudência, e por outro, a vacinação. "A epidemia da época da gripe de 2022-2023 está a começar, precocemente, na região europeia, numa altura em que as preocupações sobre o vírus sincicial respiratório aumentam e a covid-19 continua a ser uma ameaça", avisaram, há dias, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, o diretor regional da Organização Mundial da Saúde para a Europa, Hans Kluge, e a diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, Andrea Ammon.
Gustavo Tato Borges afirma que o fenómeno já era esperado "pelo exemplo da Austrália, onde os vírus atacaram muito cedo e de forma muito forte". Habitualmente, o pico da época dos vírus respiratórios é entre meados de dezembro e meados de fevereiro. O dos subsídios para assistência aos filhos também.
Janeiro depende de todos
Para este ano, tendo em conta que o mês de outubro já superou o período homólogo, mas ainda não chegou aos níveis dos meses de janeiro de outros anos, poder-se-ia pensar que o mês de janeiro deste ano também será o pior de sempre. Mas pode não ser assim.
"É difícil prever, porque podemos ter um início de época gripal forte e, depois, haver um equilíbrio ao longo dos meses seguintes", explica Gustavo Tato Borges. Acrescenta, contudo, que o resultado de janeiro só depende do comportamento dos cidadãos: "Devemos estar vacinados, ventilar bem os espaços interiores em casa e no trabalho e usar máscara, sempre que suspeitemos que possamos estar perante um vírus".
Assistência a filhos
Quem tem direito?
Os trabalhadores, por contra de outrem ou independentes, que tenham de assistir o filho, por motivo de doença ou acidente, desde que o outro progenitor não requeira o mesmo apoio. Tem de ter, pelo menos, seis meses de descontos.
Quanto se recebe?
O apoio é contabilizado diariamente e corresponde a 100% da remuneração líquida. A duração máxima do apoio é de 30 dias por ano ou por período de hospitalização, se o filho tiver menos de 12 anos, ou 15 dias se o filho tiver mais. Acresce um dia por cada filho, além do primeiro.