Alunos do Centro Escolar de Esporões, em Braga, usam o pensamento computacional para resolver problemas em várias áreas. Resultados refletem-se nas notas.
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Na mesa da Maria, do João e da Dânia, há massa e marshmallows para construir torres. Na secretária onde está a pequena Cecília, aprende-se a fazer circuitos elétricos. Luísa posiciona-se em frente a uma tela verde e serve de modelo para brincar com aplicações de realidade aumentada, enquanto o amigo Gil mostra a máquina que construiu em casa e, na sala ao lado, Ana e Gabriela dão lições de cidadania. No clube de robótica do Centro Escolar de Esporões, em Braga, as crianças não aprendem apenas a fazer robôs. Usam o pensamento computacional para resolver problemas em várias áreas. E, no final do ano letivo, os resultados refletem-se na pauta.
Para Gil Cruz, que nem gostava de inglês, "já é chato" não ter a disciplina todos os dias. Ganhou uma motivação extra, no terceiro ano, altura em que entrou naquela escola e começou a participar nos desafios do clube da robótica, a que chamam "Clube dos pequenitos". As atividades são articuladas com o currículo de todas as disciplinas, por isso, os cerca de 80 alunos, desde o 1º ao 4º ano, passam pela experiência.
"O clube é frequentado por todas as professoras, integrado nas atividades curriculares. Todos têm a benesse de poderem participar. Depois, há projetos [nacionais e internacionais] em que a escola se inscreve e a participação é voluntária. Mas, habitualmente, todos se querem envolver", explica a coordenadora do clube, Liliana Fernandes, professora de Inglês e Robótica, com formação na metodologia "inquiry", em que os estudantes são desafiados a fazer investigação a partir de "uma questão ou problema".
Inspiração para os textos
É esse método, aliado a uma "sala mãos na massa (makerspace)", que "diferencia" a atividade do clube do Centro Escolar de Esporões em relação a outros espaços que existem, "mais voltados para programação e robótica", esclarece Liliana Fernandes.
A pequena Cecília Naveiro confirma a diversidade de aprendizagens. "Aprendemos que precisamos de eletricidade para acender a luz ou ligar a ventoinha. Aprendemos inglês, muitas coisas elétricas e fazemos muitas brincadeiras", descreve.
"Aprendemos que podemos usar a água da chuva para lavar o chão ou regar plantas", acrescenta Ana Ribeiro, enquanto olha para a "cidade sustentável" que construíram em maquete e ocupa o centro de uma sala. "Vamos desafiar o presidente da Câmara para nos dar recipientes para aproveitar a água dos caleiros", conta a aluna.
Segundo Liliana Fernandes, "a partir do momento em que os alunos têm contacto com esta metodologia, a autonomia, colaboração e criatividade aumentam exponencialmente".
A coordenadora da escola e professora do terceiro ano, Maria Lúcia Torres, corrobora: "Na estruturação e elaboração dos textos, a criatividade é fabulosa".