Largas centenas de pessoas manifestaram-se este sábado nas ruas de Lisboa pela igualdade e a melhoria das condições de vida e de trabalho das mulheres, numa manifestação nacional organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM). Prometem estar vigilantes a "retrocessos" com a mudança de rumo político do país.
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O protesto deste sábado é um grito sobre a participação "absolutamente fundamental" das mulheres na prática dos direitos e conquistas. "Nós não queremos recuar. Nós recusamos recuar", afirmou, ao JN, Sandra Benfica, dirigente do MDM, plataforma que, pelo oitavo ano consecutivo, transformou a celebração do Dia Internacional da Mulher numa marcha nacional pelo centro de Lisboa.
Acreditando que as alterações na Assembleia da República não estarão "em conformidade com o caminho de defesa dos direitos das mulheres e do seu reforço", a plataforma quer alertar para os baixos salários e a precariedade das mulheres, os preços da habitação, bem como a necessidade de se combater a violência doméstica. Além disso, reivindica que sejam garantidos os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, através do acesso ao planeamento familiar e à interrupção voluntária da gravidez (IVG) em todo o país.
O dia 8 de março já passou, mas, mais do que nunca, sentem que é tempo de reivindicar os direitos das mulheres nas ruas. Várias centenas de manifestantes percorreram a capital para que não haja "recuos nem retrocessos", pela "inclusão social, desenvolvimento e trabalho, igualdade e paz", num protesto que também antecede as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril.
Não é por acaso que os manifestantes gritam: "Não há março sem abril". Centenas de mulheres, acompanhadas por familiares e amigos, celebraram as conquistas de abril, defendendo que continuam a existir "mil razões para lutar".
Sandra Benfica alertou que embora a igualdade esteja “plasmada na lei”, as mulheres estão “muito longe" de a viver no seu dia a dia. A responsável sublinhou, por isso, a necessidade de se garantir um "conjunto de condições ao nível do trabalho, dos apoios sociais, da saúde e da educação" em todos os ciclos de vida das mulheres.
A propósito da ligação da causa com o 25 de Abril, relembrou ainda que as mulheres "não foram espectadoras da liberdade, nem da luta antifascista". "Nada alguma vez foi dado às mulheres, tudo foi conquistado. A Revolução de Abril e os seus valores e direitos, plasmados na Consituição e em todas as leis que depois lhe dão materialidade, foram conquistados com a luta das mulheres".
Perto das 15 horas já se concentravam na Praça do Rossio várias centenas de manifestantes de norte a sul do país, que em menos de uma hora percorreram as ruas da capital com destino ao Largo do Carmo. “A liberdade é minha, é tua, aqui ninguém recua” e “Somos muitas muitas mil, mulheres unidas a defender abril”, foram alguns dos cânticos repetidos, ao som de tambores e palmas, enquanto subiam, numa marcha lenta a rua do Carmo.