Ano singularmente fustigado por incêndios em Portugal, 2017 sofreu um agravamento, para o quádruplo, da média de fogos florestais da última década: arderam 456 209 hectares, um aumento de 437%.
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Desse total, segundo o Relatório do Estado do Ambiente Portugal 2017, estima-se que tenham ardido 39 388 hectares de espaços florestais, resultando numa taxa de afetação de 5,5% da Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP).
De acordo com o relatório, realizado pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), destaque para o Parque Natural da Serra da Estrela, que foi onde houve a maior extensão de área ardida (19 337 hectares, cerca de 21,7% da área total do parque). Mas a área protegida mais afetada, face à sua extensão, foi o Monumento Natural das Portas de Ródão, com uma afetação de quase 72%, diz ainda o Relatório do Estado do Ambiente, ao qual não lhe foi alheio o facto de ter sido fortemente atacada quer nos grandes incêndios de junho, nos quais morreram 66 pessoas, quer nos de outubro, durante os quais perderam a vida mais 49.
Mesmo assim, verifica-se uma tendência decrescente no número de ocorrências nas áreas protegidas, na década 2007/2017, com valores máximos a ocorrer nos anos 2003, 2005 e 2010. Em 2017, os incêndios florestais corresponderam a menos 3,6% do número total de ocorrências, traduzindo-se numa redução de 31% face à média decenal. Por isso, conclui o documento do ICNF, "a meta de eliminação dos incêndios com mais de 1000 hectares não foi cumprida no período em análise (2014-2017)". Além disso, prossegue, "a meta de reduzir a menos de 75 o número de incêndios com duração superior a 24 horas" também não se verificou.
Relativamente aos reacendimentos, um dos maiores problemas dos bombeiros que andam no terreno a combater incêndios, no período 2014-2017 superou sempre o limiar definido de 0,5% do total de ocorrências. "Em 2017, a percentagem foi de aproximadamente 13%", conclui o documento.