O primeiro dia do 16.º Congresso dos Arquitetos arrancou esta quinta-feira em Ponta Delgada, nos Açores, onde até ao próximo sábado serão discutidas estratégias "por um futuro mais sustentável" da prática arquitetónica em Portugal. É a primeira vez que o evento tem lugar no arquipélago.
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"A transição climática é uma matéria incontornável para os arquitetos e para a própria sociedade. É urgente repensar a atividade da arquitetura", sublinhou, ao JN, o bastonário da Ordem dos Arquitetos, Gonçalo Byrne.
É no Teatro Micaelense que durante três dias, sob o tema "Qualidade e Sustentabilidade: Construir o (nosso) futuro", a classe está reunida em torno da educação, investigação e prática da arquitetura em Portugal por uma mudança que tenha em conta os impactos sociais e ambientais.
Ao JN, o gabinete da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitetos avançou que estão inscritos 850 arquitetos, dos quais mais de 300 viajaram até à ilha para participar e mais de 500 estarão a acompanhar o evento à distância.
Esta quinta-feira à tarde, foram apresentadas três moções com propostas para tornar a profissão mais sustentável. O atual bastonário defende uma lei da Arquitetura e da Paisagem em Portugal que inclua "a dimensão da importância do meio ambiente, seja o construído, do território e da paisagem".
Já o arquiteto Rui Morbey Souto, do Conselho Diretivo Regional do Norte, alertou para os impactos ambientais de todas as atividades da Ordem. "É preciso olhar para todos os gastos e os consumos de energia dos serviços que prestamos envolvendo toda a equipa", exemplificou ao JN. "Temos de descarbonizar os edifícios, não só a sede do norte que é a única propriedade da Ordem", sublinhou.
A formação é muito longa, mas a remuneração, nomeadamente dos mais jovens, é muito baixa
Também da secção do Norte, o arquiteto Avelino Oliveira destacou que existe "uma visão inequívoca" dos arquitetos em função da imagem positiva das suas obras e projetos, mas "as condições nem sempre são as melhores". "A formação é muito longa, mas a remuneração, nomeadamente dos mais jovens, é muito baixa. Só para não falar que dificilmente concorrem no estrangeiro e quando trabalham na função pública não têm carreira especial".
Tudo o que será discutido no congresso irá colmatar na Declaração dos Açores, um documento com as principais conclusões da agenda destes três dias, avançou o bastonário. Espera-se que estas sejam levadas ao 28.º Congresso da União Mundial dos Arquitetos "que reúne a arquitetura e os arquitetos de todo o mundo", entre os dias 2 e 6 de julho, em Copenhaga, na Dinamarca.
Para sábado, último dia do congresso, está agendada uma discussão sobre a relação da arquitetura com os decisores políticos. Na sessão de encerramento estará presente a secretária de Estado da Habitação, Fernanda Rodrigues, e o presidente do Conselho dos Arquitetos da Europa, Ruth Schagemann. O congresso será encerrado com uma mensagem do presidente da República.