Norte contratou 94 pessoas e Lisboa e Vale do Tejo tem um recrutamento em curso. Há quase 400 militares a ajudar.
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As Administrações Regionais de Saúde (ARS) fizeram nos últimos meses dezenas de contratações para reforçar as equipas de saúde pública e contam com o apoio de quase 400 militares para ajudar a rastrear as cadeias de transmissão da covid-19. Ainda assim, o vírus circula descontrolado na comunidade: 87% dos contágios têm origem desconhecida, revelaram esta semana peritos que estiveram na reunião do Infarmed.
Na região de saúde do Norte foram contratadas 94 pessoas para integrarem as equipas das unidades de saúde públicas e o Gabinete Regional de Crise Covid-19, dos quais 52 licenciados. "Outras contratações poderão acontecer, se a necessidade o justificar", respondeu a ARS Norte ao JN.
Em Lisboa e Vale do Tejo (LVT), desde o verão foram contratados 40 licenciados para o Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19, para os inquéritos epidemiológicos ou atividades relacionadas, informou a respetiva ARS.
Neste momento, decorre um novo recrutamento de licenciados, de preferência das áreas da saúde (psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, higienistas orais, dentistas...) para inquéritos epidemiológicos. Por ainda estar em curso, "é prematuro adiantar mais informações", diz a ARS LVT. Segundo uma mensagem que corre nas redes sociais, os contratos são a termo incerto de 35 horas/ semana e com ordenado de 1205,48 euros. O JN questionou a ARS LVT sobre a informação, mas a pergunta não teve resposta.
Municípios ajudam
Além das contratações, as ARS estão a ser apoiadas por militares e profissionais cedidos pelos municípios, entre outros. Em LVT, estão a colaborar mais de 200 militares, mais de 100 médicos internos e cerca de 80 profissionais cedidos por municípios (técnicos superiores, assistentes técnicos, técnicos de serviço social, psicólogos e nutricionistas).
No Norte, estão a colaborar médicos internos, estudantes de enfermagem e enfermeiros em especialização. O rastreio colaborativo teve um reforço de 16 pessoas e conta com 120 militares e cerca de 25 técnicos superiores e dentistas.
No Centro, são 54 militares a apoiar os inquéritos epidemiológicos e "várias dezenas" de médicos internos de saúde pública, refere a ARS Centro.
87% dos contágios têm origem desconhecida, o que significa que as autoridades de saúde não estão a conseguir quebrar as cadeias de transmissão e o vírus circula livremente na comunidade.
O segundo país do Mundo com mais novos casos
Ontem, pelo quinto dia consecutivo, Portugal registou mais de 10 mil casos de covid-19 (número muito elevado num domingo, dia da semana em que os números costumam ser mais baixos) e mais 152 mortes. A nível internacional, o país atinge recordes inesperados. Analisando a incidência a sete dias, Portugal passou a ser o segundo país do Mundo com mais novos casos de infeção por milhão de habitantes, logo depois de Israel e ultrapassando a Irlanda, de acordo com o site "Our World in Data". Em taxa de mortalidade, Portugal está em quarto lugar a seguir à República Checa, Reino Unido e Eslováquia. A pressão sobre os hospitais é imensa e não pára de aumentar. Ontem, registaram-se mais 236 doentes internados, num total de 4889, dos quais 647 estão em cuidados intensivos.
Testar para identificar positivos, isolar e quebrar cadeias de transmissão é a forma de controlar a pandemia e ontem o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo anunciou que os testes de antigénio (rápidos) nos concelhos com mais de 960 casos por 100 mil habitantes e nas escolas onde há surtos vão avançar. À TVI24, Luís Pisco adiantou que nas situações de surto numa escola "serão feitos testes rápidos a todos os professores, pessoal não docente e a todos os alunos".