Artur rejeita cirurgia de redesignação sexual: "Não preciso da operação para ser mais homem"
Artur Marques, jovem de Almada, acredita que fazer uma faloplastia não fará dele mais masculino.
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As tatuagens cobrem a pele de Artur, mas não escondem as cicatrizes. O peito, em tempos saliente, já não existe. A voz fina foi-se e a pele lisa deu lugar a barba rija. Há quatro anos, as feições masculinas começaram a tomar conta de um corpo que nem sempre foi seu. A puberdade trouxe-lhe um sentimento de desconexão gigante e, com o tempo, a “agonia, a repulsa e a revolta ficaram cada vez mais intensas”. Tal como o medo de se assumir, perante os outros e perante si próprio, como pessoa transgénero. “Tenho noção de que era uma coisa que eu estava a adiar e isso começou a afetar-me”, admite Artur Marques, 24 anos, que acabou por contar o que sentia à então namorada, aos amigos e, mais tarde, à família.
Com o apoio dos que o rodeavam, o jovem de Almada alterou o nome e começou a trabalhar para conseguir pagar as consultas com um psicólogo, que viria a diagnosticar-lhe disforia de género. Seguiu-se o tratamento hormonal. A voz “era uma das mudanças pelas quais estava mais ansioso e desesperado por ter”, para evitar o “constrangimento de as pessoas usarem os pronomes errados”, conta.