Rui Rio abriu, sexta-feira à noite, o 38.º congresso do PSD de Viana do Castelo com um discurso de 12 páginas, com mensagens para dentro e para fora do partido, sem esquecer as "atitudes de guerrilha na comunicação social" e os "tantos comentadores" que o queriam "ensinar" a fazer Oposição. Perceba o discurso do líder em cinco ideias.
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Escolher os melhores para as autárquicas
Rui Rio sabe que o PSD parte do pior resultado de sempre em autárquicas (98 câmaras ganhas em 2017, contra 106 em 2013) e pede o envolvimento de todos para fazer voltar a "afirmar o PSD como o partido do poder local" e ganhar mais autarquias e mandatos. Mas garante que vai ser exigente na escolha dos candidatos que vai apoiar em 2021.
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"O autarca é escolhido entre os seus. O primeiro embaixador da sua terra. O provedor dos seus cidadãos. Temos, por isso, a obrigação de honrar o poder local, escolhendo os melhores para os nossos candidatos", disse. "A escolha de um autarca não é a escolha de um amigo nem a de um líder de uma qualquer fação partidária local. Ela tem de ser ditada com base em critérios de competência, de dedicação e de credibilidade".
"Sempre que houver um aproveitamento abusivo de meios públicos autárquicos para fins de natureza pessoal ou partidária ou de utilização da autarquia como empregador de clientelas partidárias. Esses casos têm de merecer o nosso inteiro repúdio e uma atenção especial do próprio Ministério Público", defendeu.
Um partido não pode ser uma agência de empregos
"Um partido não pode ser uma agência de empregos políticos, em que as suas estruturas se movimentam em função dos lugares que os seus dirigentes pretendem alcançar", disse Rui Rio na abertura dos trabalhos, defendendo que "é absolutamente imperioso que o partido se abra à sociedade, crie novos espaços de militância e passe a debater as ideias em vez da distribuição de lugares". "Os partidos existem para servir o país, não existem para dar corpo às suas pequenas táticas, nem aos interesses particulares dos seus dirigentes".
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Ao centro, para não dar maioria absoluta ao PS e acabar como o CDS
O líder do PSD avisa que o seu estilo é para manter e que vai continuar a fazer uma oposição "credível e realista". "Fazer o contrário, como alguns críticos internos defenderam e como tantos comentadores nos pretendiam ensinar, teria tido o mesmo resultado eleitoral que outros partidos tiveram. Onde estaria o PSD, se tivéssemos fraquejado e tivéssemos seguido o caminho para que nos queriam empurrar? Seguramente onde outros estão agora, e o PS estaria provavelmente sentado numa maioria absoluta", disse, numa alusão à derrota eleitoral que levou à erosão do CDS-PP e a um processo de alteração da liderança.
"O crescimento do PSD depende da sua capacidade de conquista de votos ao centro. A capacidade de conseguir atrair votantes do PS que não se reveem na denominada 'geringonça' e acima de tudo atrair potenciais votantes que se têm abstido",defendeu. "Uma coisa é o PSD conseguir ser o líder de uma opção à direita da maioria de Esquerda que nos tem governado. Outra, completamente diferente, é sermos nós próprios a Direita".
Um oposição "sem bota abaixo", com elevação
"Somos Oposição. Compete-nos enaltecer as diferenças relativamente ao Governo em funções, denunciar, com firmeza, as suas falhas e apresentar políticas alternativas. Mas isso não pode invalidar que possamos concordar com os nossos adversários quando genuinamente lhes reconhecemos razão", defendeu o líder do PSD. "Não adianta insistir na política do bota-abaixo e da crítica sem critério nem coerência", disse, rejeitando a tese de que "se berra mais alto, se diz mal de tudo o que o Governo faz, se não concordo com nada, então está a fazer uma verdadeira oposição".
Mudar para travar a degradação do sistema político
"Há no nosso sistema partidário os mesmos sinais de degradação o mesmo tipo de problemas" de fragmentação que se estão a registar em vários países da Europa. "Muitos partidos de referência desapareceram completamente e muitos outros têm hoje a sua força fortemente reduzida".
"Ignorar esta realidade é agravar o problema e caminhar para uma situação idêntica a que está a acontecer nos demais Estados-membros", disse, defendendo "que a abertura do PSD à sociedade tem de constituir um elemento decisivo no que concerne ao seu futuro".
"Não só não tem sido totalmente satisfatória a resposta dos partidos portugueses aos novos desafios que a sociedade enfrenta, como nos olhos da opinião pública, é mais do que evidente a degradação da vida partidária e o anquilosamento do seu funcionamento".