Rui Rio defendeu que as eleições autárquicas são a grande batalha do PSD nos próximos tempos. Para o líder social-democrata, o partido tem de inverter a derrota de 2017, onde obteve o pior resultado de sempre. Essa meta, a par da "libertação" dos Açores do PS, é muito mais importante que "o número de deputados" que o PSD conquistou em 2019. E avisou os críticos internos: o estilo da sua oposição é para manter.
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Na abertura do Congresso que entroniza a vitória obtida nas diretas de janeiro, Rui Rio disse que "o PSD tem de ser voltar a afirmar como o partido do poder local".
"Temos, em 2021, de recuperar o terreno perdido em 2013 e em 2017. Recuperar presidências de Câmara, mas também vereadores e eleitos de freguesia", afirmou, no Centro Cultural de Viana do Castelo, que acolhe a reunião magna laranja.
"A implantação de uma força partidária mede-se em primeiro lugar, pela dimensão da sua presença nas autarquias locais. Mais do que o número de deputados que consegue eleger para a Assembleia da República, é o número de autarcas eleitos que, do ponto de vista estrutural, mede a verdadeira força de um partido na sociedade", começou por dizer.
Rio sabe que a tarefa é difícil: "nas autarquias em que não conseguirmos alcançar a vitória, teremos de eleger um número de vereadores consentâneo com a dimensão história do PSD, ultrapassando os fracos resultados obtidos nos dois últimos atos eleitorais autárquicos, designadamente nos concelhos mais populosos do país".
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As eleições regionais nos Açores são também uma aposta do líder eleito em janeiro, que advoga que à perda do Governo na região para o PS seguiu-se igualmente "a penetração do PS na administração pública".
"É urgente libertar os Açores da lógica socialista que tem vindo a imperar", apelou, num discurso em que alertou para o recente "aparecimento de novo partidos de perfil extremista e de contestação ao sistema", motivado pela "notória quebra de credibilidade da atividade partidária".
O social-democrata acredita que Portugal "não está de forma nenhuma imune" a esse descontentamento para com os partidos tradicionais.
Por isso, quer "a abertura" do partido à sociedade, estratégia que considera ser importante para uma vitória, tendo deixado um alerta que lançou por diversas vezes no último ano, quer durante a campanha eleitoral das legislativas, quer nas diretas contra Luís Montenegro: "um partido não pode ser uma agência de empregos políticos, em que as suas estruturas se movimentam em função dos lugares".
Mais. Referiu que o partido não conseguirá conquistar os portugueses caso se mantenha a "guerrilha na comunicação social" que foi incentivada pelos seus opositores no PSD.
Criticado internamente nos últimos dois anos pela postura que tem para com o Governo de António Costa, Rio recusa fazer uma Oposição "do bota-abaixo e da crítica sem critério nem coerência".
Apontou ainda que "deslocar o PSD para a direita", como algumas vozes defendem, seria "afunilar eleitoralmente o partido, em direção a um espaço onde hoje já praticamente nada mais há para ganhar".
"Uma coisa é o PSD conseguir se o líder de uma opção à direita da maioria de Esquerda que nos tem governado. Outra, completamente diferente, é sermos nós próprios a Direita", disse.