António Costa tem a vida facilitada para formar Governo. Disse que queria um "casamento" alargado a PAN e Livre.
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Mas será entre os partidos da "Geringonça" que terá que se concentrar para o seu primeiro teste: a aprovação do Orçamento do Estado para 2020. Mas contará com pressão do outro lado, sobretudo de BE e PCP, que não abrem mão da valorização dos salários. E o secretário-geral socialista até prometeu aumentar os vencimentos na Função Pública, caso fosse eleito.
Os resultados completos das eleições, por freguesia
Catarina Martins já tinha avisado que um novo acordo teria que ser "mais forte". E até adiantou as exigências do BE para apoiar o PS. À cabeça está "um programa que seja capaz de alterar a legislação laboral", para "puxar pelos rendimentos do trabalho".
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Aliás, também duas bandeiras eleitorais da CDU, que ocupou os últimos dias de campanha em torno dos direitos dos trabalhadores e do reforço dos vencimentos. É de esperar, por isso, pressão também de Jerónimo de Sousa para que Costa encontre margem orçamental para aumentar salários, em particular da Função Pública, cumprindo a promessa de junho passado.
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ctt na esfera pública
Mas António Costa tem outras pedras no sapato, nos primeiro meses da próxima legislatura, em que será pressionado a aprovar o Orçamento com a maior celeridade possível para que o país não caia numa situação de ter que ser gerido a "duodécimos". O que acontecerá se o Orçamento não for aprovado até ao final do ano.
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Trata-se da luta dos professores pela garantia do descongelamento total da sua carreira, o que o Governo chegou a garantir que custaria 519 milhões de euros. Os professores continuam em luta. Ainda anteontem protestaram. E contam com o apoio de BE e PCP.
Os bloquistas também deverão tudo fazer para que o PS aceite uma das suas principais exigências: que o controlo dos CTT passe para a esfera pública, num contexto de renegociação do contrato de concessão do serviço postal universal.
É de esperar ainda que BE e PCP insistam ainda no reforço do investimento público em áreas como transporte, habitação e saúde.
Acresce o ataque que os bloquistas já defenderam a benefícios fiscais como os dos estrangeiros a residir em Portugal. "Têm um custo de 600 milhões de euros. Descer o IVA da eletricidade e do gás para toda a gente só custa 700 milhões de euros", chegou a destacar Catarina Martins.
touradas e eutanásia
Ao manter as negociações à Esquerda, António Costa sabe que terá via aberta para avançar com a regionalização mas será pressionado a aceitar medidas fraturantes. Por exemplo, o BE poderá insistir na proibição das touradas e na legalização do consumo de drogas leves.
Garantido, porque já foi anunciado pelos bloquistas, em julho passado, é que, na próxima legislatura, o partido vai apresentar uma nova iniciativa legislativa para legalizar a eutanásia.