Há 35 processos à espera de apreciação. Festas Nicolinas de Guimarães e Carnaval de Torres Vedras são dois dos casos que aguardam há anos.
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Em Portugal, estão atualmente inscritos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI) 15 artes, tradições e/ou manifestações culturais. Há 35 candidaturas à espera de apreciação. A DGPC admite que, por vezes, os processos arrastam-se mais do que o desejável, a bem de uma análise que se quer "rigorosa". E a verdade é que o número de candidaturas tem vindo a crescer exponencialmente. A prová-lo estão as 21 submetidas só no último ano e meio e a duplicação do Inventário em dois anos.
"São analisados os conteúdos históricos e antropológicos, as entrevistas, os registos vídeo, as medidas de salvaguarda propostas, o património imóvel e móvel associado. Após esta análise, e caso se verifique a necessidade de mais dados, o processo é remetido de novo ao proponente com sugestões de aperfeiçoamento", explica a DGPC, acrescentando que, em média, a apreciação é feita "no prazo de um a três meses". Ainda assim, diz, "cada caso é um caso".
As Festas Nicolinas (em análise desde 2016) ou a confeção de passarinhos e sardões, de Guimarães (2015), o bordado de Tibaldinho, de Alcafache (2015), ou o Carnaval de Torres Vedras (2016) são exemplos de espera prolongada.
No princípio foi o fado
No que toca a património imaterial, o pontapé de saída foi dado, em 2011, pela inscrição do fado na lista da UNESCO. Dez anos depois, são já seis.
Desde 2015, a inscrição no INPCI é obrigatória para a candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, onde Portugal tem já o fado, a dieta mediterrânica, o cante alentejano, a falcoaria, o barro de Estremoz e o Carnaval de Podence. Em 2020, chegaram à DGPC 18 candidaturas. Em 2021, três. Para o Inventário, no último ano e meio, entraram seis novas tradições.
A "calçada portuguesa", o "pintar e cantar dos reis" (Alenquer) e a "equitação portuguesa" são os mais recentes.
A DGPC congratula-se com a adesão e diz que este "boom" é "reflexo de uma crescente tomada de consciência sobre o valor simbólico, social e histórico das nossas tradições e das nossas artes", num Portugal, cada vez mais orgulhoso das suas raízes. v