O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse esta sexta-feira, na abertura da 12.ª Conferência da Associação dos Administradores Hospitalares, que decorre em Guimarães, este fim de semana, que "as notícias da morte do SNS são manifestamente exageradas". O ministro sublinha que os hospitais do SNS "todos os dias recebem doentes transferidos de outros hospitais".
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Elogiou o "hospital que construímos sem gastar um saco de cimento", referindo-se ao internamento domiciliário, e admitiu que a carreira dos administradores hospitalares está "adiada há décadas", havendo necessidade de reconfigurar as profissões da área da saúde.
Para Manuel Pizarro, o "discurso sobre o desabamento do SNS pode encontrar apoio num ou noutro acontecimento negativo", mas não é a realidade. "O SNS fez 53 milhões de contactos diretos com os portugueses, 34 milhões de consultas nos cuidados de saúde primários e 13 milhões nos hospitais. Em 2022, fizemos 758 mil cirurgias, mais 50 mil do que o anterior recorde. Não há nada que se compare a isto".
Casos complicados
"Não há dia nenhum em que não sejam transferidos para o SNS doentes que tiveram complicações e que só assim é que são tratados, mas isto nunca é notícia", queixa-se Manuel Pizarro. Para o ministro, um dos grandes sucessos do SNS são os nove mil doentes que, em 2022, foram acompanhados em hospitalização domiciliária. "É já um hospital de grande dimensão, maior que o de Vila Franca de Xira", ilustra.
O ministro defendeu também que é preciso "repensar o papel das múltiplas profissões da área da saúde. Vejo muitas pessoas tratarem os enfermeiros como se estivéssemos no tempo em que eles não eram profissionais com cursos superiores", afirmou, a propósito do desafio lançado anteriormente por Xavier Barreto, sobre a reconfiguração das profissões. Manuel Pizarro reconhece que "a carreira dos administradores hospitalares está obsoleta" e mostrou disponibilidade para "ver o que é preciso fazer".
Administradores sem avaliação
A 12.º Conferência Valor da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), a decorrer em Guimarães, é dedicada aos "Capital Humano". Xavier Barreto, presidente da APAH, aproveitou para falar da necessidade de mudar a forma como o trabalho é organizado. "Mantemos a forma como o trabalho é alocado aos profissionais como há 30 ou 40 anos", afirma. Para o administrador, "esta é uma discussão difícil e quase inexistente em Portugal, mas que temos que começar a fazer". Xavier Barreto alertou ainda que "a revisão da carreira dos administradores hospitalares é absolutamente inadiável e que, enquanto outros andam a discutir contagem de pontos, nós nem avaliação de desempenho temos."