O questionário foi aplicado a mais de nove mil profissionais, incluindo médicos e enfermeiros, em que a maioria ganhava menos de 1500 euros.
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O I Barómetro da Cultura Organizacional Associada à Prestação de Cuidados foi apresentado, este sábado, na 12.ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. As conclusões apontam para uma insatisfação dos profissionais causada pela falta de tempo e recursos. Uma grande percentagem dos trabalhadores sente que não é ouvido e que não consegue influenciar a organização. Pela positiva, quem trabalha no Serviço Nacional de Saúde (SNS) sabe o que é esperado de si e sente-se bem tratado pelos colegas.
Por um lado, os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) manifestam que se sentem apoiados pelas suas equipas e chefias diretas, por outro, estão insatisfeitos com a gestão das unidades de saúde e com os recursos que têm disponíveis para desempenhar as suas funções, evidencia o estudo.
Reponderam aos questionários 9394 profissionais de saúde do SNS, o que representa uma taxa 6,5%, tendo em conta um universo de 145 mil profissionais. A classe mais representada são os enfermeiros (42,13%), seguidos dos médicos (15,03%), dos assistentes técnicos (13,89%) e dos assistentes operacionais (8,62%). A maioria dos profissionais que responderam ao inquérito aufere até 1499 euros
Apenas 34% dos trabalhadores do SNS consideram que têm o tempo e os recursos necessários para o bom desempenho das suas funções. Esta foi a dimensão que apresentou uma avaliação mais negativa por parte dos trabalhadores inquiridos.
Não se sentem valorizados
Igualmente baixos foram os resultados sobre a gestão das unidades de saúde e a forma como as instituições valorizam o trabalho. Entre os inquiridos, 56% fez uma avaliação negativa sobre a forma como "diferentes gestores das diversas instituições de saúde percecionam a atividade das organizações". Segundo o barómetro, em cada cinco trabalhadores, quatro têm uma opinião desfavorável ou neutra relativamente à forma como a instituição onde trabalham "celebra os sucessos dos trabalhadores." Só 20% dos funcionários que responderam aos questionários é que consideram que conseguem influenciar a forma como as coisas são feitas nas suas instituições e apenas 18% sentem que são ouvidos.
Os temas com melhor avaliação foram, os trabalhadores saberem o que é esperado no seu trabalho, com 75% de respostas positivas, e a sensação de serem tratados com respeito pelos colegas, avaliado positivamente por 70%. "Indica claramente uma identificação dos respondentes com as equipas em que se integram", lê-se no documento.
O barómetro foi desenvolvido pela APAH, direção executiva do SNS, Ordem dos Psicólogos Portugueses e a consultora de serviços profissionais EY, com apoio técnico dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.