Sucedem-se as reacções ao XX Governo, entre louvores e críticas, quer aos nomeados quer à estrutura do Executivo.
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Fernando Negrão
A nomeação de Negrão para o Ministério da Justiça foi aplaudida globalmente pelos agentes do setor da Justiça. Em comunicado, o Sindicato dos Oficiais de Justiça afirmou que o ministro "conhece, como poucos" o sistema judicial e as "dificuldades, no terreno, com que se defrontam os operadores judiciários e acérrimo defensor dos direitos da pessoa humana". É uma "excelente escolha, para credibilizar uma justiça que foi, pela praxis governativa, completamente descredibilizada nos últimos anos". Também o Sindicato Funcionários Judiciais louvou Negrão. "É uma excelente escolha", classificou o presidente Fernando Jorge.
Maria José Costeira, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, referiu a "cultura democrática" e a "abertura ao diálogo" para justificar a "expetativa" com que encara a nomeação.
Da parte do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, o presidente António Ventinhas reconhece que Fernando Negrão conhece bem o setor, mas questiona se terá condições para "exercer as funções", atendendo ao facto de o Governo ser minoritário.
João Calvão da Silva
A nomeação para o Ministério da Administração Interna do jurista co-autor de um parecer atestando a idoneidade de Ricardo Salgado é lamentada pelo Bloco de Esquerda. "Não deixa de ser extraordinário como Passos Coelho e Paulo Portas não deixam de surpreender mesmo nestes momentos", disse a porta-voz do Bloco, Catarina Martins.
Margarida Mano
A manutenção do Ensino Suerior e da Ciência sob a tutela do mesmo ministério, acumulando com o resto do setor da Educação, foi criticada pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. "O que gostaríamos de ver era um ministério independente para o Ensino Superior, face à Ciência", disse o presidente António Cunha. Quanto à nomeação de Margarida Mano, disse esperar que venha a fazer um trabalho positivo.
Também o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos tem boa opinião sobre a nova ministra. "Pelo que conheço é uma pessoa extremamente competente e rigorosa", disse o presidente Joaquim Mourato.Já o Sindicato Nacional de Ensino Superior (SNESup) gostaria que Passos Coelho tivesse criado um Ministério do Ensino Superior e Ciência, "que devia de ser autonomizado para permitir a "concentração numa área vital", afirmou Gonçalo Velho, vice-presidente da direção, em comunicado. A Margarida Mano, deseja "felicidades", já que encontrará "uma situação precária e difícil".
Mário Nogueira, da Fenprof, não se quis pronunciar sobre Margarida Mano - "o que está aqui em causa também não são as pessoas, são as políticas" - mas disse esperar que o Governo não dure mais de dez dias. "Espero que em novembro, no Parlamento, os deputados rejeitem este governo", afirmou.
Fernando Leal da Costa
A Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros não ficou satisfeita com a nomeação de Leal da Costa como ministro da Saúde, lembrando ter chegado a pedir a sua demissão, já que não houve qualquer projecto relevante nas áreas que estavam sob a sua tutela, enquanto secretário de Estado.
Pedro Mota Soares
A Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis contestou a recondução de Pedro Mota Soares no Ministério da Segurança Social. O governante, dizem, foi "incompetente e cruel" no anterior Governo, "responsável por perseguições implacáveis aos trabalhadores mais pobres, com acção directa, omissões gravíssimas e erros permanentes".
Governo
A nomeação do XX Governo constitucional "É uma formalidade para dar correspondência a um compromisso assumido pelo Presidente da República com o PSD e o CDS, para concretizar um contrato de curtíssima duração, que tudo indica terminará dentro de duas semanas quando for apresentado o programa de Governo na Assembleia da República", afirmou Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN.
Fonte da UGT remeteu uma reação para quando tiver conhecimento do "programa do Governo e das políticas que nele constarem".
Da parte dos patrões, a Confederação do Turismo disse apenas esperar que haja "uma solução de governo estável", que "não faça perigar" a permanência de Portugal na União Europeia e no euro, disse o presidente, Francisco Calheiros. Já a Confederação de Comércio e Serviços não quis fazer comentários políticos. "Temos expetativa em relação ao que aí vem, mas apresentaremos as nossas propostas a qualquer Governo", declarou o presidente João Vieira Lopes.