A ADDIM acompanha casos de violência doméstica e recebeu um prémio pecuniário de 50.000 euros. A cerimónia contou com a presença de Luís Montenegro, Ramalho Eanes e Elisa Ferreira.
Corpo do artigo
O prémio Manuel António da Mota foi entregue neste domingo à Associação Democrática de Defesa dos Interesses e da Igualdade das Mulheres (ADDIM), numa cerimónia que decorreu no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, na qual participaram, entre outras individualidades, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ex-presidente da República, Ramalho Eanes, e a comissária europeia Elisa Ferreira.
A ADDIM, a organização vencedora, tem sede no Porto e foi fundada em 1999. Auxilia mulheres vítimas de violência doméstica a nível jurídico, psicológico e social, possuindo dois apartamentos de transição, com capacidade para 15 pessoas, no sentido de ajudar no processo de autonomização.
Desenvolve o projeto “(De)Coração”, delineado para vítimas de violência doméstica com carência económica e para responder aos problemas de produção e acumulação excessiva de resíduos urbanos sem qualquer tipo de tratamento, com a ajuda das beneficiárias, que restauram todo o tipo de bens.
"Solidário com o júri"
Na cerimónia de entrega do Prémio, Luís Montenegrom, citado pela Lusa, destacou o apoio às mulheres vítimas de violência, dizendo estar "solidário com o júri", na medida em que "incorpora uma preocupação que não deve ser descurada por ninguém"
"As mulheres, infelizmente, são uma parte da nossa população que é mais atingida (...). As mulheres são mais atacadas desde a simples violência verbal até à morte", afirmou, observando que todos serão sempre "poucos na conquista que representa para todos nós a garantia de uma igualdade efetiva para toda a sociedade".
O 2.º lugar do prémio foi entregue à Câmara Municipal do Fundão, que, em 2016, criou um equipamento num antigo seminário católico intitulado Centro para as Migrações do Fundão, e, mais tarde, em 2018, veio a ser criado o Centro de Acolhimento de Refugiados. A câmara também desenvolveu o projeto “Fundão MEDEIA”, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade estrangeira que habita na zona. O prémio para o segundo lugar é uma quantia de 25 000 euros.
Em terceiro lugar, ficou a PAJE – Plataforma de Apoio a Jovens (Ex)acolhidos, de Coimbra, que apoia jovens que cresceram em instituições e os prepara para a vida pós-acolhimento, que irão usufruir de um prémio de 10 000 euros. As sete menções honrosas vão receber 5000 euros cada uma.
O Prémio Manuel António da Mota foi criado em 2010 pela Fundação Manuel António da Mota, e tem como objetivo distinguir organizações que se destacam por fomentar os valores da fundação. Este ano, a 15.ª edição do prémio tem o lema “Sempre Solidários” e foca-se em reforçar o “compromisso com um país mais justo, coeso e solidário, distinguindo as instituições que se notabilizam na luta contra a pobreza e exclusão social, acolhimento e integração de migrantes e refugiados, valorização do interior e coesão territorial, saúde, educação, emprego, apoio à família, inovação e empreendedorismo social, inclusão e transição digital e tecnológica e transição climática”, refere Rui Pedroto, presidente da Comissão Executiva da Fundação Manuel António da Mota.
"Não queremos ter estigmas na sociedade"
Sobre o trabalho da Fundação, o primeiro-ministo enalteceu: "Família Mota [Engil], queria dizer obrigado e que estaremos ao vosso lado para que continuem a ser um contributo ativo do sucesso de Portugal". Acrescentou que a fundação existe "porque, para além de todo o arrojo empresarial e dos valores que cultivou na sua família, foi também capaz de dar uma trajetória para as suas empresas (...), com sentido de risco (...), mas que possam conduzir à produção de maior riqueza".
A olhar para as quatro gerações da Mota Engil há um fio condutor em todas elas, referiu Montenegro, elencando a "capacidade de liderança, de inovação, crescimento, sentido de responsabilidade", sugerindo que hajam "mais empresas" como as da Fundação Manuel da Mota, para gerar mais riqueza".
"O meu desejo hoje é que o trabalho das empresas da fundação, possa ter sequência e que nos próximos anos vejamos a [fundação] premiar projetos de integração de imigrantes, de apoio às famílias, de coesão territorial, de inovação e de preocupação climática".
"Esta fundação, estes prémios, esta responsabilidade social que o grupo Mota Engil, equivale a um momento social que preconizamos para o país. Nós não queremos ter estigmas na sociedade".