A Associação Salvador e o Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade anunciaram, esta quinta-feira, o lançamento de um desafio aos municípios de todo o país, no sentido de aferir que projetos estão em curso para encontrar soluções que garantam cidades com menos barreiras e mais acessíveis a pessoas com limitações de mobilidade.
Corpo do artigo
Ao JN, Paula Teles, presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, recordou que "cerca de 60% da população dos países da OCDE" é mais vulnerável às questões de mobilidade, englobando-se neste grupo crianças, idosos, deficientes ou pessoas temporariamente debilitadas. Destacou, por isso, a necessidade de garantir o "direito universal ao território e à cidade", algo, que, entende, "não ocorre em muitos municípios do país".
Aproveitando a temática da Semana Europeia da Mobilidade 2020, e decorridos 20 anos de implementação das Leis das Acessibilidades em Portugal, as duas associações juntaram-se assim para questionar os responsáveis autárquicos sobre que cidades estão a ser planeadas, acentuando a necessidade de "se fazer bem de raiz".
"A covid veio demonstrar que se tivéssemos desenhado as cidades a pensar nas pessoas com limitações hoje estaríamos bem, porque havia mais espaço. O que assistimos é a territórios onde as pessoas estão todas em cima uma das outras para esperarem por um transporte, ou que não se conseguem cruzar num passeio com guarda-chuva aberto", observa Paula Teles.
Recorrendo ao exemplo da pandemia, a especialista em mobilidade defende que as "cidades devem ser ginásios ao ar livre", apostando, por exemplo, "em jardins mais pequenos e não só em grandes parques urbanos ".
Paula Teles explica ainda que o objetivo desta ação promovida pela Associação Salvador e o Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade junto dos municípios é acentuar a "certeza de que não podemos mais desenhar soluções que não sejam para todos, porque não podemos ignorar que grande parte da população é vulnerável do ponto de vista da mobilidade".
"Queremos perceber porque razão existem leis para que tudo seja acessível e isso não se verifica e se o problema é dos políticos ou dos técnicos", conclui a especialista.