Luís Montenegro, o protagonista de uma inédita segunda volta em diretas, contra Rui Rio em 2020, é agora um dos nomes mais falados para lhe suceder na liderança. Os apoios surgem até do "núcleo duro" de Rui Rio.
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Se fosse preciso algum estímulo, Luís Montenegro teve-o ontem e logo de um vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro, que o encara como o melhor posicionado para suceder a Rui Rio. O ex-líder parlamentar permanece em silêncio, enquanto o partido prepara a saída do atual presidente. Amanhã, reúne a Comissão Política para tratar da transição e apurar se Rio se mantém no Parlamento. Figuras como Miguel Poiares Maduro defendem, contudo, que essa transição seja lenta.
Rui Rio já se tinha manifestado disponível para permanecer no partido mais uns meses, após as legislativas, caso saísse derrotado. A questão é apurar por quanto tempo. Anteontem, o ex-líder da JSD, Pedro Rodrigues, defendeu que a prioridade não deve ser a sucessão na liderança. Mas a "reconstrução do partido".
Por isso, Pedro Rodrigues propõe que se faça primeiro um congresso estatutário, com uma discussão sobre eventuais mudanças programáticas e de funcionamento do PSD e, só depois, se convoquem eleições.
"Antes, devemos combater as causas que nos conduziram a este resultado", sustentou Pedro Rodrigues, numa posição que mereceu a imediata concordância de Miguel Poiares Maduro. Só que o caminho que o ex-ministro de Passos Coelho traçou, em várias declarações, obrigaria a que Rui Rio se mantivesse na liderança durante cerca de um ano.
Uma transição mais lenta seria do agrado de alguns dirigentes distritais e até do ex-candidato à liderança Miguel Pinto Luz, que também pediu uma "reflexão profunda" antes da discussão da liderança. "Não é tempo de concursos de beleza ou desfiles de protocandidatos ou candidatos de farinha Amparo", disse, no "Não Alinhados" da TSF.
Amanhã, a Comissão Política do PSD vai decidir como será feita a transição, com uma preocupação em mente:"como for mais confortável" para Rui Rio, pelo "prestígio e respeito" que merece. Ao colocar o lugar à disposição, Rio ouvirá da sua Direção posições similares à do vice-presidente André Coelho Lima: "Quem perdeu não foi Rui Rio. Foram todos os que estiveram com ele", disse ao JN.
Ou seja, todos regressam à condição de militantes de base, como disse, ontem, o também vice-presidente Salvador Malheiro. Está igualmente nas mãos do atual líder a continuação ou não no Parlamento. Tudo indica, porém, que Rio pretende sair, quando for encontrado o seu sucessor.
Pinto Luz, que concorda com uma transição lenta, é um dos nomes apontados como possível candidato, assim como Jorge Moreira da Silva. Mas é Luís Montenegro que reúne maior consenso e até apoios no núcleo duro de Rui Rio.
Para Salvador Malheiro, "poucos reúnem as condições" do ex-líder parlamentar, que viu vários dos seus apoiantes serem eleitos deputados. Ou seja, não estando no Parlamento, poderia fazer uma ligação pacífica com a bancada.