Os ativistas climáticos que interromperam, em junho do ano passado, o discurso do ministro do Ambiente e Ação Climática durante a abertura da conferência "Electric Summit" da Galp estão a ser constituídos arguidos por desobediência.
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O grupo Climáximo revelou, esta quinta-feira, que os ativistas não aceitaram a suspensão provisória do processo, sendo agora constituídos arguidos. Segundo o coletivo, "os ativistas afirmam estar disponíveis para debater o papel do Governo e das empresas no âmbito do colapso climático", pode ler-se num comunicado enviado às redações.
Ao JN, Sinan Eden do Climáximo explicou que passados nove meses não estavam à espera da notificação do Ministério Público, lembrando que no dia da ação pacífica "não houve qualquer problema" e que foram retirados da sala pela PSP. O ativista adiantou que não foi feita uma "comunicação coletiva" e que "algumas pessoas ainda estão à espera de receber a carta".
Questionado sobre o porquê de não terem optado por suspender provisoriamente o processo, o ativista apontou que esta é "uma oportunidade para abrir o debate público sobre o que é desobediência". Sinan Eden é um dos dois ativistas que serão interrogados pelo Ministério Público já esta sexta-feira, 31 de março, a partir das 10 horas, no Campus de Justiça, em Lisboa. Segundo o coletivo, não está nenhuma concentração agendada.
Recorde-se que, em junho de 2022, num protesto da campanha "Gás é Andar para Trás", sete ativistas interromperam o discurso inicial do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, na conferência "Electric Summit", denunciando a contradição entre os investimentos nos combustíveis fósseis e o discurso de transição energética do Governo.
Levantados na audiência, com cartazes com as palavras de ordem "1.5ºC vs. Lucro", "1.5ºC vs. Gás", "1.5ºC vs. PS", "1.5ºC vs. Galp" e "1.5ºC vs. Capitalismo" - referindo-se ao objetivo estabelecido no Acordo de Paris - esse grupo de ativistas do Climáximo e do Scientist Rebellion disse não "dar licença social" para o Governo e as empresas "falarem sobre clima ou transição enquanto montam uma expansão energética em todas as frentes". Já fora da sala, os ativistas foram identificados pela PSP.
Acusando o Governo e as empresas pelo crime de desobediência às leis da Natureza e da Humanidade, o movimento por justiça climática convocou uma ação de bloqueio no terminal de gás de Sines para o próximo mês. "Eles nunca pararam. Eles não vão parar. Cabe-nos pará-los. Convocamos todas as pessoas preocupadas com a crise climática ao porto de Sines, no dia 13 de maio, para parar o gás", apelam os ativistas.