Dinis Costa é um dos muitos jovens que, esta quarta-feira, volta às manifestações e ocupações de estabelecimentos de ensino, pedindo o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível para todas as pessoas até 2025. As preocupações do estudante de 16 anos, que frequenta o Liceu Camões, foram crescendo ao longo do último ano, levando-o a participar em várias ações de contestação por considerar que "o futuro está em risco". São esperadas pelo menos sete ocupações, incluindo em Lisboa, Faro e no Porto.
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Estão previstas ocupações na capital, nomeadamente na Faculdade de Letras e de Psicologia da Universidade de Lisboa, no Técnico e na secundária Luísa de Gusmão. Também acontecerão ocupações no Porto (escola Soares dos Reis) e em Faro (na Universidade e escola Tomás Cabreira). Estão, ainda, planeadas outras ações de reivindicação em Leiria, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no Liceu Camões e na escola Josefa de Óbidos (Lisboa). Dia 2 de maio avançam para outros estabelecimentos de ensino.
"Continuamos em crise climática e o Governo continua inativo", diz Teresa Núncio, ativista da Greve Climática Estudantil Lisboa e porta-voz da Primavera das Ocupações pelo Fim ao Fóssil em Portugal, para explicar a nova vaga de ocupações, depois de no outono terem ocupado universidades e escolas durante vários dias. Quatro alunos chegaram a ser detidos em novembro, depois de se terem recusado a deixar a Faculdade de Letras de Lisboa e foram condenados a pagar uma multa.
"Não podemos ficar indiferentes perante a destruição que está a ser causada pela inação governamental e energias fósseis. Temos de causar disrupção e dizer à sociedade que este não pode ser só um assunto de estudantes", acrescenta Teresa Núncio.
Segundo a ativista, a "inspiração" para esta forma de luta decorre de "outros movimentos que tiveram vitórias, como os movimentos pelos direitos de pessoas negras nos Estados Unidos e pelo direito ao voto das mulheres". "Quando a mudança necessária é tão grande, tem de haver resistência e a sociedade tem de se unir para mudar o rumo das coisas" defende Teresa Núncio.
Dia 13 de maio, numa ação liderada pela plataforma Parar o Gás, os ativistas rumam ao porto de Sines, entrada principal de gás fóssil no país. Planeiam dirigir-se ao Terminal de Gás Natural Liquefeito onde vão tentar, com "coragem e criatividade, travar o seu funcionamento", explica a plataforma.