Um grupo de ativistas da plataforma "Parar o Gás" pintaram, esta segunda-feira, a fachada da sede da GALP, em Lisboa, com tinta amarela em resposta aos lucros ajustados de 881 milhões de euros que a petrolífera arrecadou o ano passado.
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Os valores foram conhecidos esta segunda-feira de manhã e, passado cerca de uma hora, um grupo de cinco a dez ativistas contra a exploração de combustíveis fósseis pintaram a sede da empresa, em Lisboa, com tinta amarela numa ação direta contra estes "lucros históricos", contou, ao JN, António Assunção, um dos porta-vozes da plataforma. "Enquanto isso, os portugueses sofrem com o aumento do custo de vida e têm de escolher entre aquecer a casa ou comer", sublinhou.
Vários vidros da fachada do edifício, bem como uma das entradas, foram cobertos de tinta. O jovem garantiu que nenhum ativista foi identificado.
A Galp registou lucros de 881 milhões de euros em 2022, quase o dobro (93%) dos 457 milhões obtidos no ano anterior, de acordo com um comunicado publicado esta manhã pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A plataforma de ação defende "como alternativa ao colapso climático e à austeridade" a produção de eletricidade totalmente a partir de fontes renováveis até 2025, "combatendo assim a utilização de gás fóssil e os preços obscenos da energia", pode ler-se num comunicado enviado às redações.
Face à inação política e de o Governo "andar de lado a lado com as empresas fósseis", os ativistas pelo clima prometem continuar com ações de protesto nos edifícios da GALP, da Redes Energéticas Nacionais (REN) e da Energias de Portugal (EDP), as três grandes empresas do setor energético.
Já durante a primavera, no dia 13 de maio, o movimento climático promete bloquear a entrada principal do terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) do Porto de Sines. "A GALP é detentora da infraestrutura mais poluente do país e nós já assistimos às cheias no inverno, ou aos incêndios no verão e a outros fenómenos que sabemos que são a materialização da crise climática", advertiu António Assunção.
Recorde-se que, em outubro, os ativistas da plataforma, em conjunto com o Climáximo, bloquearam durante uma manhã a entrada da sede da GALP, em Lisboa, sendo que vários colaram as mãos nas portas da empresa. Três desses ativistas acabaram detidos. E já em janeiro concentraram-se à porta das sedes destas três empresas, acusando-as de lucrarem com as falhas ambientais.
Além do bloqueio ao terminal de Sines, no 8.º Encontro Nacional por Justiça Climática, que decorreu este fim de semana em Coimbra, foi ainda aprovada uma nova Greve Climática Global a 3 de março, uma manifestação a 25 de março contra as hidráulicas no Rio Tejo, mais ocupações pelo Fim ao Fóssil a partir de 26 de abril e a interposição de uma ação judicial contra o Estado "baseada no incumprimento da defesa da Lei de Bases do Clima".