A Greve Climática Estudantil vai voltar às ruas de Lisboa esta sexta-feira, 3 de março, pelo fim aos combustíveis fósseis até 2030 e energia 100% renovável e acessível para todas as pessoas até 2025. Os ativistas prometem ocupar o dobro das escolas e universidades e noutras cidades do país já a partir de 26 de abril.
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A marcha em Lisboa terá início na Alameda, pelas 10 horas, até à Escola Secundária Padre António Vieira. Ao longo do percurso serão feitas paragens em "sítios estratégicos da cidade", como o Instituto Superior Técnico e as escolas secundárias Rainha D. Leonor e D. Filipa de Lencastre para "atingir uma grande quantidade de estudantes", explicou, ao JN, Dinis Costa, um dos porta-vozes da ação. O protesto coincide com a greve distrital de professores. "Não queremos apontar números, mas tenho a certeza que teremos muita gente a juntar-se a nós, uma vez que a crise climática e o aumento do custo de vida afetam-nos a todos". Além de Lisboa, esperam que haja mais protestos pelo país.
O movimento por justiça climática apelou assim à união entre estudantes, trabalhadores, professores e funcionários, bem como toda a sociedade civil pelo fim da economia fóssil, num protesto convocado em resposta ao apelo internacional do movimento "Fridays for Future" ("Sextas-feiras pelo Futuro", em português). Neste dia, espera-se que milhares de jovens façam greve às aulas e voltem a manifestar-se em todos os continentes.
"Sabemos que 40% da energia que consumimos em Portugal vem do gás fóssil e o Governo continua a gastar o orçamento nos combustíveis fósseis ao invés de investir nas energias renováveis", sublinhou o estudante de 16 anos do Liceu Camões.
Prometem ocupar mais escolas pelo país
Mas "as manifestações não bastam": no final do protesto, os ativistas planeiam realizar uma "assembleia de ação" para preparar a nova vaga de ocupações de escolas e universidades que prometem começar a 26 de abril. "Iremos ocupar até que o Governo se comprometa de facto a acabar com os combustíveis fósseis até 2030 e a garantir que haja uma transição para 100% energias renováveis até 2025", apontou o jovem. Sem avançar nomes "porque serão revelados na sexta-feira", Dinis Costa confirmou que a partir desse dia serão ocupadas 12 escolas e universidades, desta vez também fora de Lisboa. Será o dobro das instituições onde decorreu a onda de protestos que marcou o primeiro semestre do atual ano letivo.
"Desde as ocupações do outono que a Greve Climática Estudantil de Lisboa tem crescido bastante, por isso há mais pessoas e mais apoio na preparação das ocupações", afirmou o jovem.
Recorde-se que durante uma semana em novembro, vários ativistas ocuparam seis instituições de ensino exigindo o fim dos combustíveis fósseis e a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva. As duas escolas secundárias, Liceu Camões e António Arroio, chegaram a fechar. No Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Letras e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa os jovens dizem ter "criado disrupção". Foram detidos quatro ativistas que ocuparam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Seguiu-se uma marcha pelo clima, na qual os manifestantes chegaram a invadir a Ordem dos Contabilistas, em Lisboa, onde o ministro estaria numa reunião. António Costa Silva recebeu um grupo de ativistas no Ministério, mas à saída os jovens acabaram por se sentar à porta com as mãos coladas ao chão. A PSP deteve cinco.