Educação, CP e justiça são os setores mais atingidos. Médicos mantêm paralisação deste mês após acordo falhado com Executivo, que quer subir idade nas urgências para os 60 anos.
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As greves vieram para ficar, apertando o cerco ao Governo de maioria absoluta. As escolas e a CP, que volta a parar dia 10, são as mais afetadas, mas outros setores estão em força nesta onda de protesto, como os funcionários judiciais, até 15 de abril. Os médicos estão em greve a 8 e 9 deste mês, após terem sido surpreendidos com a proposta do Governo para fazerem urgências até aos 60 anos. Dia 16, é a vez dos enfermeiros de hospitais privados.
Ainda este mês, o Governo do PS enfrentará outra greve geral da Função Pública, anunciada pela Frente Comum para dia 17, exigindo aumentos salariais imediatos, valorização de carreiras e serviços públicos.
Até lá, muitos protestos far-se-ão ouvir de diferentes setores. Na quinta-feira de manhã, dois deles esperavam António Costa e o seu Governo, à entrada do Conselho de Ministros descentralizado de Faro, numa iniciativa que juntou manifestantes do S.TO.P. e do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, também em greve. O primeiro-ministro reagiu dizendo aos jornalistas ser preciso deixar que as negociações decorram.
Os trabalhadores dos impostos prometeram que a paralisação será repetida todos os meses se a Autoridade Tributária não melhorar as condições de trabalho. E o S.TO.P. continua a renovar os pré-avisos de greve.
Fenprof apelou aos pais
Em Coimbra, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, pediu aos pais para não levarem os filhos às escolas, por solidariedade com a greve e pelo risco de a maioria das aulas não ocorrer. A plataforma de nove organizações voltou à greve no Norte e no Centro. E a Fenprof fala de uma adesão "enorme", explicando que a maioria estava "só a cumprir os serviços mínimos", que apelida de "trabalhos forçados". Hoje, as greves rumam ao sul de Leiria. E, amanhã, há manifestações no Porto e em Lisboa. Também os trabalhadores não docentes da rede pública estão hoje em greve.
Por sua vez, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considerou um "retrocesso absoluto" uma proposta do Governo que "deixa em aberto" um aumento de cinco anos na idade para os médicos deixarem de fazer trabalho noturno e urgências. "É absolutamente inaceitável", reagiu a presidente da Comissão Executiva, Joana Bordalo e Sá, após reunir-se com o Ministério da Saúde. Sem acordo possível, a FNAM mantém a greve dos dias 8 e 9.
Ainda na Saúde, numa iniciativa rara, os enfermeiros dos hospitais privados anunciaram greve a 16 deste mês, para exigir a regulação dos horários de trabalho, aumentos de 10% e 25 dias úteis de férias.
Quanto à greve da Comboios de Portugal (CP) e da Infraestruturas de Portugal, já foram conhecidos novos pré-avisos para o período de 10 a 17 deste mês.
Por sua vez, o Sindicato dos Funcionários Judiciais entregou um novo pré-aviso de greve para prolongar a paralisação por mais um mês, até 15 de abril.
O Ministério da Justiça pediu anteontem ao Conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República que elabore um parecer sobre a legalidade das greves dos funcionários da justiça que levaram ao adiamento de inúmeras audiências.