O coordenador do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, garantiu que o atraso da vacina AstraZeneca/Oxford não comprometerá a primeira fase do plano português, mas não permitirá antecipá-lo, admitindo uma quebra de 50% do esperado.
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"Estamos a falar de um atraso superior a 50% daquilo que estava programado [a nível europeu], o que no caso português significaria em vez de 1,4 milhões de doses previstas para fevereiro e março, receber 700 mil doses [da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca]. Ainda é possível que esse número seja revisto em alta. Será discutido na próxima semana a nível europeu", referiu Francisco Ramos.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador da "taskforce" do Plano de Vacinação da covid-19 admitiu "um percalço" com o que era esperado, apontando que "a Astrazeneca, de facto, está com dificuldades em cumprir o calendário de produção", tendo proposto "nos últimos dias, uma redução muito acentuada de entregas para os próximos dois meses".
"De qualquer forma, para Portugal, esse número permite-nos cumprir o Plano Nacional da forma como estava delineado, terminando a vacinação das pessoas incluídas na fase um até abril. O que não vai permitir é a antecipação para março", acrescentou o responsável.
À Lusa, Francisco Ramos explicou que "chegou a estar nos planos antecipar a vacinação da primeira fase", que corresponde a 950 mil pessoas entre as quais profissionais de saúde, residentes em lares, pessoas com comorbilidades mais severas e alguns profissionais de serviços essenciais, "para o final de março", mas o anúncio do grupo britânico AstraZeneca/Oxford obrigará a manter abril como horizonte temporal.
Entrega da vacina da Moderna vai ser atrasada uma semana
Na sexta-feira, em declarações à AFP, uma porta-voz da AstraZeneca avisou que as entregas da vacina AstraZeneca/Oxford na Europa, sob reserva da sua aprovação, vão ser inferiores ao previsto, devido a uma "baixa de rendimento" num local de produção.
Já em jeito de ponto de situação, o coordenador da "taskforce" do Plano de Vacinação da covid-19 disse que, "se não houver novos percalços", a fase dois arranca em Portugal "provavelmente ainda durante o mês de abril".
Francisco Ramos mostrou expectativa de que se registe um reforço de entregas por parte da Pfizer em fevereiro, isto depois, descreveu, de uma quebra este mês.
Já sobre a entrega da vacina da Moderna, que "era esperada amanhã [domingo] ou depois, vai ser atrasada uma semana", referiu.
"Há uma questão, que é evidente, que é a enorme dificuldade que estas grandes empresas multinacionais têm para assegurar a produção de vacinas em quantidade que consiga satisfazer minimamente a procura dos países. Isso causa um cenário de grande incerteza e dificuldade dos planos de vacinação", concluiu.