Mariana Viana prepara-se para dizer "adeus" ao Ensino Secundário, num dia chuvoso de início de verão. Estás prestes a entrar para um debate na Escola Secundária de Rio Tinto, usa uma camisa branca e um "blazer" escuro e tem a fala rápida e desenvolta de uma oradora pronta para um combate de palavras. "É o meu último dia", não se cansa de repetir.
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A finalista de 17 anos, no 12.º ano, integra o universo de 2800 alunos do Agrupamento de Escolas de Rio Tinto N.º 3, em Gondomar, a usufruir do Plano de Inovação do Ministério da Educação, que dá aos estabelecimentos educativos a possibilidade de gerir o currículo, cumprindo certos parâmetros, e de ter aulas por semestre. A estudante confessa que a mudança de três períodos para dois semestres foi "estranha", mas rapidamente se tornou um hábito como outro qualquer. E tem uma vantagem: "Ajuda-nos a crescer enquanto alunos e a organizar o nosso tempo", afirma.
O modelo semestral e de autonomia curricular, que estão intimamente ligados, está a ser uma experiência "positiva" para a direção da escola. Apesar de dois anos letivos consecutivos a trabalhar com um Plano de Inovação, Luísa Pereira, diretora do agrupamento escolar, sabe que o caminho não está fechado. "Queremos dar continuidade, porque é um processo de evolução de uma comunidade educativa", explica. Sobretudo para os pais, a quem o novo modelo causou "estranheza", devido às pouco tradicionais pausas letivas.
Menos testes
Todos os estudantes de Rio Tinto cumprem o calendário escolar, contudo há diferenças significativas. Na organização por semestres, existem quatro momentos de avaliação, sendo dois deles de classificação, com a fixação de pautas. A interrupção letiva acontece em janeiro, com pausas no Natal e na Páscoa.
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Em certas disciplinas pode haver menos testes, mas há outros métodos para avaliar, como as "questões em aula", apresentações de oralidade, produção de conteúdos multimédia e a escrita de artigos científicos. No caso do Ensino Secundário, não dá para fugir muito à regra, por causa dos exames nacionais.
"Como professora, não tenho tanta liberdade para experimentar, como no Básico, porque os alunos do 11.º e 12.º anos têm uma avaliação externa. E eu tenho de contribuir para o seu sucesso", diz Carla Vieira, coordenadora dos diretores de turma do 3.º Ciclo.
Para a diretora do agrupamento, a "objetividade dos testes"precisa de ser desmitificada, dando lugar à diversificação de competências. "Tudo o que nós queremos é que os alunos aprendam mais e estejam preparados para a vida", opina Luísa Pereira ao JN.
O efeito chegou até Mariana Viana, que acredita que as diferentes formas de aprender vieram comprovar de que nada é estanque, seja nas escolas ou nas empresas. "Acho que é bom para o nosso futuro profissional. Vamos lidar com várias pessoas e teremos de nos adaptar". Mesmo que, para isso, seja necessário quebrar um hábito de anos, como os testes ou os três períodos escolares.