Há mais de 12.500 produtos com selo "Portugal sou eu" que representam 12,7 mil milhões de euros em vendas. Código a começar por 560 não é garantia de que tenha origem portuguesa.
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A compra de produtos nacionais tem vindo a aumentar nos últimos anos e, segundo o Ministério da Economia, já há mais de 12.500 produtos com o selo "Portugal sou eu" e esses representam 12,7 mil milhões de euros em volume de negócios e 75 mil postos de trabalho. A GS1 Portugal, entidade responsável pela introdução dos códigos de barras no nosso país, alerta que o afamado prefixo 560 no código de barras nem sempre significa que o produto é português.
Em tempos de pandemia - e depois de uma campanha do Governo de apelo ao consumo de produtos com o selo "Portugal sou eu", de maio a julho - ainda não se conhece o seu impacto nos fluxos de consumo. Só no final do ano passado o Ministério pretendia levar a cabo um inquérito sobre a campanha que obteve 10 milhões de impressões nos meios digitais.
O último estudo, realizado no final de 2017, já dava pistas deste aumento: 83% das empresas aumentaram as vendas desde a adesão ao programa. Desde 2012, o programa já regista 3800 empresas, mais de 12 500 produtos com o selo atribuído, e 1158 pontos de venda. Mais de metade é dos setores agroalimentar e bebidas.
Preocupação ambiental
Ao JN, o Ministério da Economia ressalva que "os estudos de avaliação e diagnóstico do programa demonstram que os portugueses têm preferência crescente pelo consumo de produtos nacionais, contribuindo para apoiar as nossas empresas". E a opção também reflete uma preocupação ambiental: os produtos locais evitam transportes demorados, reduzindo as emissões de dióxido de carbono.
Mas ainda há mitos na hora de comprar. Um deles é o famoso prefixo 560 no código de barras. Segundo João de Castro Guimarães, diretor-executivo da GS1 Portugal, "o prefixo pode ser atribuído a uma marca nacional ou estrangeira, desde que tenha cá uma filial, um registo comercial português, e não atesta a origem do produto".
Como ler o código?
Ou seja, pode tratar-se de um produto comercializado por uma empresa portuguesa, mas que é importado do estrangeiro, logo não é produzido no país.
Também há produtos com códigos de barras que não começam por 560 e que ainda assim são 100% portugueses. Significa que são comercializados por uma empresa estrangeira. O engenheiro explica que é fundamental "consultar informação adicional no rótulo, nomeadamente na menção à origem".
"De acordo com normas europeias, a menção ao país onde é produzido é obrigatória apenas para alguns produtos alimentares". Por isso, o selo "Portugal sou eu" é uma boa ajuda, assim como a certificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP) - atribuída a produtos tradicionalmente produzidos numa região, como ovos moles de Aveiro, carne dos Açores, queijo mestiço de Tolosa - ou a denominação de origem protegida (DOP).
João Castro de Guimarães defende que há cada vez mais preocupação em comprar português, "e isso é de grande importância", sobretudo em tempos de crise porque "ajuda a reerguer a economia".
SABER MAIS
6,3 milhões
De portugueses preferem comprar produtos made in Portugal, ou seja, 74% dos residentes no continente com 15 anos ou mais, concluiu a Marktest.
Rotulagem
Nas frutas e legumes a granel, a origem tem de estar afixada junto do preço. Nos embalados, apenas a fruta, vegetais, azeite, mel e carne bovina têm de indicar a origem na rotulagem. Na carne fresca ou congelada, a menção "Origem Portugal" só pode ser usada se o operador provar que foi obtida a partir de animais nascidos e criados no país. No peixe, a informação está na zona de captura.