Instituições estão a adotar medidas como limitar o ar condicionado, usar LED e tirar mais proveito da luz natural.
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O aumento significativo nos preços da energia que se tem verificado nos últimos tempos e a escassez de água transversal a todo o planeta estão a fazer com que várias universidades portuguesas tomem medidas para tentar reduzir os consumos. São várias as universidades a braços com maiores faturas de energia, que atingem valores extremamente elevados e com um grande impacto orçamental.
A Universidade de Lisboa relata que "em 2022 os custos de energia ultrapassaram os 8 milhões de euros, prevendo-se que no próximo ano este valor possa atingir os 17 milhões", ou seja, um aumento para mais do dobro. O JN fez uma ronda por várias instituições e todas dão conta de grandes subidas: o Politécnico de Coimbra revela que, face a 2021, este ano teve um aumento de 244%, correspondente a mais de 1 milhão de euros.
Algumas instituições optaram por aderir a contratos de preços fixos em que o valor mensal é previamente acordado entre o fornecedor e a instituição. No entanto, anteveem subidas no preço da energia assim que os contratos atuais cessarem. O Instituto Politécnico de Castelo Branco revelou ao JN que estima "aumentos na ordem dos 400%" a partir de 2023, quando o contrato de preço fixo terminar.
O disparar dos preços fez com que as instituições começassem a tomar medidas de poupança, como previsto no "Plano de ação para a eficiência de recursos", definido no âmbito do Programa ECO.AP - 2030. Aprovado em Conselho de Ministros em novembro de 2020, o Programa de Eficiência de Recursos na Administração Pública tem verba para financiar medidas de redução de energia, água e emissões de gases de efeito de estufa.
Algumas medidas passam por alterar os sistemas de iluminação, por exemplo substituindo lâmpadas por LED e programando a intensidade da luz; limitar o horário de funcionamento do ar condicionado, assim como colocar limites à temperatura; isolar fachadas e instalar portas e vidros duplos para evitar a perda de calor ou de frio, bem como recorrer a energias renováveis, como a instalação de painéis fotovoltaicos.
Algumas instituições estão a instalar vãos envidraçados e a tirar proveito da luz natural, bem como a recorrer a equipamentos de climatização mais eficientes, como a instalação de bombas de calor de gás natural. Estão previstas também campanhas de sensibilização junto da comunidade educativa, como por exemplo desligar as luzes e o ar condicionado.
Água da chuva no WC
A escassez de água em todo o planeta e o período de seca que o país atravessa são outras das grandes preocupações. A Escola Superior de Enfermagem do Porto tem feito um reaproveitamento de águas pluviais, "usando-as para o funcionamento dos autoclismos".
A Universidade de Lisboa tem reabilitado antigas captações de água para utilizar na manutenção dos seus espaços verdes, como é o caso do Jardim Botânico de Lisboa ou do Jardim Botânico Tropical. Além disso, tem feito o "reaproveitamento de água das piscinas para a rega".
Diversas instituições têm ainda implementado medidas, como a substituição de velhos equipamentos por novos mais eficientes, uma melhor gestão do tempo de rega, a monitorização diária para detetar a existência de fugas e a utilização de torneiras e chuveiros com temporizadores.
Poupanças
O programa ECO.AP aprovado em 2020 tem como objetivo a redução de 40% do consumo de energia primária, 10% de autoconsumo em fontes renováveis, 20% de redução do consumo de água e ainda investir 5% na renovação dos edifícios até 2030.
Barómetro
Foi criada uma ferramenta informática para dar apoio à execução e monitorização do plano: o barómetro ECO.AP pretende caracterizar, comparar e divulgar o desempenho dos recursos das entidades da Administração Pública.
Condições
Para aderir, as entidades necessitam de ter uma fatura anual de energia superior a 10 mil euros ou uma fatura de água superior a 5 mil euros, ou então, uma fatura conjunta anual superior a 10 mil euros. E mais de 30 funcionários.