Alunos buscam mais cedo apoio externo, depois de período com ensino à distância.
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A tendência é geral, a nível nacional, apesar de ainda não haver números concretos que a traduzam: os alunos, no início deste ano letivo, começaram a procurar mais centros de estudos e de explicações. E mais cedo que o habitual. Quem o garante são os proprietários desses negócios, que, na sua maioria, constataram um aumento da procura, em comparação com o mesmo período de anos anteriores, depois de terem sido obrigados a fechar portas, durante meses, devido à pandemia.
Com 45 unidades franchisadas de norte a sul, ilhas incluídas, os Ginásios da Educação Da Vinci registaram um aumento da procura dos serviços de explicação e de apoio ao estudo. "Sem dúvida que há mais procura. Mas manteve-se, também, a fidelização dos alunos que já tínhamos", adianta Sandra Romão, diretora-geral da marca.
Desde setembro
Esta realidade é confirmada por Carla Sousa, proprietária do centro de estudos Genius&Ingenius, sediado no Porto, que acrescenta que, no seu caso, "os alunos começaram a aparecer logo no início de setembro, quando era costume virem mais em outubro". E ainda por Leonor Sousa, do Centro de Estudos da Boavista, também na Invicta, que não notou "tanta diferença na sala de estudo, mas nas explicações sim", com a maior procura a incidir no apoio às disciplinas de "Português, Matemática e Físico-Química".
Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), explica que não tem dados que confirmem o aumento da procura, mas diz que "é normal que as famílias procurem mais esse tipo de apoios", devido "ao terceiro período que tivemos, com ensino à distância, em que se sabe que se perderam muitas aprendizagens". "Houve casos que correram bem, mas também houve outros em que não se fez tudo que podia ter sido feito. E refiro-me não só a professores, mas também às famílias e a tudo", detalha.
Sinto que os pais estão efetivamente mais preocupados
Concentrarte foi contactado por encarregados de educação a pedir apoio para os filhos durante o verão, antes mesmo da reabertura.
Logo no início de setembro, quando reabriu portas, depois de cinco meses encerrado devido à pandemia, o Concentrarte, em Aveiro, teve alunos a iniciar explicações. O ano letivo ainda nem tinha começado, mas a preocupação dos pais falou mais alto. "Senti que estavam, efetivamente, mais preocupados e que recorreram às explicações um bocadinho mais cedo que o habitual. Pareceu-me que, na opinião deles, não existia uma consolidação de matérias e de aprendizagem", conta Catarina Calado, proprietária do centro de estudos. Na realidade, ainda durante o verão, "já tinha havido procura de alguns pais mais preocupados".
No Concentrarte, além de explicações específicas das diversas disciplinas, há também a opção de os alunos frequentarem a sala de estudo acompanhado, onde têm um apoio mais generalizado. Foi a opção de Isabel Duarte, de 12 anos, aluna do 7.o ano. Aliás, da mãe. "Este ano, na minha escola, as aulas passaram a ser à tarde. A minha mãe quis meter-me num centro de estudos para eu não ficar sozinha em casa e para, assim, estudar", explica a aluna.
Para Catarina Calado, o desfasamento de horários nas escolas, que fez com que os alunos tenham muitas tardes ou manhãs livres, motivou também o aumento da procura do seu centro de estudos. "Tivemos de nos readaptar e reajustar, por isso abrimos uma sala de estudo da parte da manhã, que era algo que não tínhamos. Notei que, obviamente, os pais necessitavam de ter algum local onde os deixar", adianta. Aparentemente, não são só os pais a estar "preocupados" com o desempenho escolar dos filhos. Os próprios alunos sentem-no. É o caso de Gonçalo Pereira, de 13 anos. Frequenta o 8.o ano e diz que o final do ano letivo passado "foi mau". Sente que não aprendeu e, consequentemente, que não se consegue "safar sozinho". É por isso que gosta de ir, três vezes por semana, para o Concentrarte: "Gosto de ter o apoio porque sinto-me capaz de ser melhor aluno".
Isabel Duarte partilha da opinião: "Este ano fui mais nervosa para as aulas, por achar que não tinha tanto conhecimento como noutros anos e porque tinha dúvidas nas matérias anteriores. O estudo à distância era difícil", assegura aluna.