Autarcas do Alto Minho insurgem-se contra reposição de fronteiras durante a JMJ
Os autarcas do Alto Minho insurgiram-se contra a possibilidade da reposição do controlo de fronteiras durante a Jornada Mundial de Juventude (JMJ), agendada para agosto, em Lisboa.
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De acordo com comunicado divulgado esta segunda-feira pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho), o líder daquela organização, Manoel Batista, entregou um documento ao ministro da Administração Interna, mostrando "desagrado e preocupação" com as medidas que poderão ser implementadas na raia. Trata-se de uma posição conjunta dos municípios daquela região e membros do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) do Rio Minho.
"As duas entidades, que agregam os municípios do Alto Minho (10) e do Baixo Miño galego (16), decidiram tomar uma posição concertada após a decisão tomada na reunião da passada sexta-feira, entre o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e do seu homólogo espanhol, Fernando Grande-Marlaska, onde foram veiculadas pela comunicação social medidas de controlo de fronteira que colocariam em causa a dinâmica cultural, social e económica desta região", informa o comunicado da CIM Alto Minho, referindo que "a confirmar-se, esta medida afetaria a rotina diária de milhares de pessoas que atravessam a fronteira, à qual acresce a dinâmica turística do período em causa, a primeira semana de agosto".
Os autarcas recordam que durante o "período bastante conturbado" da pandemia, os territórios transfronteiriços "foram duplamente prejudicados com o encerramento de fronteiras e importa para este território que medidas desta índole não se voltem a repetir". E indicam que "as notícias veiculadas pelos órgãos de comunicação social estão a gerar muitas incertezas e dúvidas junto de trabalhadores e de empresários transfronteiriços", já que os governos português e espanhol "não clarificaram como vai ser concretizado o controlo nas fronteiras terrestres, revelando apenas que será idêntico ao de 2017, quando o Papa Francisco visitou Portugal, nos números e nos termos em que as forças de segurança considerarem adequados".
Os municípios da fronteira sublinham ainda que o período em causa, de 1 a 6 de agosto, "é marcado por uma grande intensidade turística", e também "pelo regresso de milhares de emigrantes". E que a fronteira terrestre entre a Valença-Tui "é a mais movimentada do país, com um volume de circulação diário de 22 mil veículos".
"A reposição do controlo de fronteiras, durante a JMJ, causaria um forte transtorno nas dinâmicas comerciais e laborais no contexto transfronteiriço", indicam, acrescentando que, após entrega da referida posição conjunta, José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, "deixou a garantia de que o Governo de Portugal vai clarificar" a situação, e que "tudo será trabalhado para minimizar ao máximo os impactos nas dinâmicas transfronteiriças"