Pedem clarificação da posição da empresa no Norte, após redução de rotas face a 2019. TAP diz ter duplicado voos relativamente a 2021.
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A diminuição de sete rotas internacionais e de 705 mil lugares na operação da TAP a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, face a 2019, é criticada por presidentes de câmara do Norte e Centro. Os autarcas assumem-se desiludidos com a estratégia da companhia aérea, num verão que se espera de retoma. A companhia contrapõe, em comunicado, que duplicou este ano os voos a partir do Porto, face a 2021, mas sem fazer comparações com o período pré-pandemia.
A TAP alega que "o crescimento agora registado dá seguimento à estratégia de recuperação da companhia aérea a partir do Porto, que já no Inverno 2021/2022 tinha crescido 122% face ao Inverno anterior". E acrescenta que "é a única companhia aérea a efetuar ligações transatlânticas a partir do Porto, transportando para o Norte do país passageiros do Brasil (Rio de Janeiro e S. Paulo) e dos Estados Unidos da América (Nova Iorque)".
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Companhias estrangeiras
Descontentes com o desinteresse da TAP pelo Porto, os autarcas apontam para a aposta em companhias estrangeiras. "Não é uma situação nova. Tem existido ao longo dos últimos anos um desinvestimento claro da TAP no Porto e na região Norte. Esta é mais uma atitude coerente com essa postura", afirma Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga.
Recorde-se que a TAP anunciou, na Bolsa de Turismo de Lisboa, a retoma de 90% da operação e de todas as rotas que funcionavam antes da pandemia. Porém, a situação aplica-se a Lisboa e não ao Porto ou a Faro. Nestas cidades são reforçadas as pontes aéreas com a capital. No caso do Porto, há mais 20 mil lugares para o Funchal e Paris.
Rui Moreira, autarca do Porto, acusou ontem o Governo de querer transformar a TAP numa "companhia regional" para servir Lisboa. " Estamos a reduzir a competitividade e a limitar as companhias aéreas que poderiam vir ao Porto, não fosse essa concorrência desleal", disse, apontando também para um "sistema concursal de incentivos para outras companhias" investirem no Norte.
Clareza na explicação
Também Domingos Bragança, autarca de Guimarães, refere que "há diversas empresas a preencher o espaço deixado pela TAP". Mesmo com outras soluções, o presidente vimaranense defende que a TAP tem o "dever de ser fator de coesão nacional e territorial, até pelo forte subsídio que recebe". O diálogo com o Norte não tem existido, disse ao JN.
Já o presidente da CCDR-Norte, António Cunha, diz ser "imperativa uma clarificação sobre as opções futuras da TAP a Norte e a adoção de mecanismos que promovam alternativas para a conectividade área regional".
Também o Centro poderá ser afetado com a diminuição de rotas e lugares a partir do Aeroporto do Porto. "O acionista maioritário, que é o Estado, representado pelo Governo, tem de explicar com clareza ao país o que quer fazer com a TAP", opina Ribau Esteves, autarca de Aveiro.
Apesar do pedido do JN, o Ministério das Infraestruturas ainda não se pronunciou.