O presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto, Marco Martins, vai pedir a António Costa que decrete o recolher obrigatório no distrito. O secretário de Estado Eduardo Pinheiro, também responsável pela coordenação da situação de calamidade na Região Norte, admite mais medidas restritivas para "reduzir a taxa crescente dos casos". Matosinhos aprovou ontem o fecho dos centros comerciais a partir das 21 horas. O Porto deve anunciar hoje medidas.
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"Acredito que vai haver mais medidas restritivas tendo em conta o volume de novos casos. Vão certamente acontecer, agora os termos teremos que aguardar. Não podemos pôr em causa a saúde pública", assume ao JN Eduardo Pinheiro, na véspera de um Conselho de Ministros. Caso contrário, "será impossível dar resposta".
Para Marco Martins, "é inevitável" a aprovação de mais medidas restritivas que não são tão eficazes quando aprovadas apenas para um concelho. O recolher obrigatório, considera, "é a medida mais sensata" e que terá menor impacto na economia. O objetivo é reduzir as "festas, convívios familiares ou os ajuntamentos na via pública por jovens que depois infetam pais e avós".
O presidente da Câmara de Gondomar não vai propor horas. Esse intervalo de tempo terá de ser "analisado, até para evitar o que aconteceu em Espanha, de se definir horas e depois haver um conjunto de exceções. Deve ser o mais generalizado possível". Recorde-se que a imposição do recolher obrigatório requer a declaração do estado de emergência - uma decisão do presidente da República, que precisa de aprovação do Parlamento - e que o Governo tem afastado.
3.º ciclo à distância
A presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, concorda que "muitas das medidas mitigadoras de contágio só fazem sentido ao nível supramunicipal". A Autarquia anunciou que vai pedir ao Governo a adoção de medidas para os concelhos da Área Metropolitana do Porto "mais afetados" pelo aumento de infeções.
Na reunião de ontem da Comissão Municipal da Proteção Civil foi aprovada a recomendação de retorno ao ensino à distância para os alunos do 3.º Ciclo, Secundário, Profissional e Superior, assim como a proibição de circulação entre concelhos limítrofes à semelhança do que sucede em Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras.
Eduardo Pinheiro adiantou ao JN que todos os distritos terão espaços de retaguarda para doentes infetados que não precisem de cuidados hospitalares (sobretudo para lares) com o objetivo de libertar camas nos hospitais. O Porto terá dois.
Além de medidas mais restritivas, os autarcas também defendem uma melhor comunicação das regras para que sejam entendidas e cumpridas pela população.
"É importante que se especule menos porque isso confunde as pessoas", defendeu o presidente da Câmara de Gaia, em reação ao anúncio da ministra da Saúde de que poderão ser replicados confinamentos como o do Vale do Sousa. "Neste momento, todo o esforço deve concentrar-se na sensibilização para comportamentos adequados, mais do que encerramentos casuísticos", reforçou Eduardo Vítor Rodrigues. Para o autarca do sétimo concelho do país com mais casos, um "confinamento não faz sentido, nem para um concelho, nem para a Área Metropolitana do Porto, dado o atual modelo de infeção", que, no Norte, está sobretudo relacionado com convívios familiares.
Manter SNS a funcionar
Na terça-feira, o Norte continuou a registar a maior parte dos casos, concentrando 62,9% do total de 3299 contágios e 12 dos 28 mortos. Concelhos da Área Metropolitana do Porto estão no top 20 dos municípios com mais casos acumulados.
"Importa manter os serviços de saúde com boas respostas, garantir medidas adequadas e maior apoio da Segurança Social, reforçar a fiscalização à noite e fins de semana. Isso são factos e medidas imprescindíveis", defende Eduardo Vítor.