Desde 2013 que têm vindo a diminuir as candidaturas de grupos de cidadãos. Mas há mais autarcas sem filiação partidária. Em setembro, são 66 listas a tentar ganhar uma Câmara. Juntas contam gastar 2,6 milhões de euros com a campanha. A de Rui Moreira é a mais cara.
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Desde 2013 que não para de diminuir o número de candidaturas independentes. Ainda assim, são cada vez mais os eleitos sem qualquer filiação partidária. Nas eleições de 26 de setembro, concorrem 66 candidatos de grupos de cidadãos, menos 23 do que há oito anos. No total, contam gastar 2,6 milhões de euros com a campanha eleitoral. A mais cara é a do autarca portuense, Rui Moreira.
Segundo os orçamentos entregues no Tribunal Constitucional, concorrem às autárquicas de setembro 66 candidaturas independentes, que tentam conquistar um total de 64 câmaras municipais de todos os pontos do país, incluindo regiões autónomas.
Trata-se de menos dez listas de grupos de cidadãos do que nas eleições de 2017, em que os independentes conseguiram conquistar 17 câmaras municipais. Desses autarcas, dois não avançam nas autárquicas de 26 de setembro. Há quatro anos, os grupos de cidadãos obtiveram mais de 500 mil votos e elegeram ainda um total de 396 membros de assembleias municipais e 400 presidentes de Junta.
Em 2013, ano em que concorreu o maior número de independentes (89 listas), foram eleitos 13 presidentes de Câmara sem filiação partidária, além de 112 vereadores e 352 lugares em assembleias municipais e 342 presidentes de Junta. No total, obtiveram 344.531 votos, o que representou 6,89% da votação naquelas autárquicas.
Em 2009, foram 53 as candidaturas independentes e, em 2005, apenas concorreram 23 listas de grupos de cidadãos. Em cada uma daquelas eleições autárquicas, foram eleitos sete presidentes de Câmara por movimentos independentes.
Para a Associação Nacional dos Movimentos Independentes (AMAI), a redução do número de candidaturas de grupos de cidadãos deve-se, sobretudo, às burocracias impostas pela lei eleitoral e agravou-se com a demora na revogação das alterações, efetuadas no ano passado, e que foram consideradas inconstitucionais.
"A reversão da lei foi muito tardia. Por outro lado, a arbitrariedade das decisões em tribunal continua. Alguns candidatos independentes decidiram que seria mais fácil concorrerem por partidos pequenos, como o "Nós, Cidadãos". Outros desistiram", justifica o presidente da AMAI, Aurélio Ferreira, dando o exemplo de José Manuel Silva, em Coimbra, que preferiu avançar pela lista do PSD.
Apesar de serem menos as listas de independentes, Aurélio Ferreira tem a expectativa de que voltará a aumentar o número de eleitos por grupos de cidadãos. "Temos boas perspetivas em concelhos como Palmela, Lagoa, Castelo Branco e Batalha", enumera.
No total, as 66 candidaturas independentes contam gastar 2.639.120,7 euros com a campanha das autárquicas. O orçamento mais elevado é o do autarca Rui Moreira (316.388 euros), que se tem envolvido numa quezília com o candidato socialista no Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, por causa da isenção do IVA que a lei prevê apenas para as candidaturas partidárias (ler mais informação na pág. 20).
Na lista dos maiores orçamentos, segue-se o do autarca de Oeiras Isaltino Morais, com uma despesa prevista de 285.155,78 euros. Depois, a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, que se recandidata pelo movimento "Elisa Ferraz - Nós Avançamos Unidos", e que estima gastar 125 mil euros.
De acordo com informação divulgada na página do Tribunal Constitucional, o movimento "Batalha é de Todos" prevê uma campanha de 91 mil euros, o "SEMPRE - Movimento Independente" (Castelo Branco) estima gastar 81.500 euros, o grupo de cidadãos "Pela Guarda - Autárquicas 2021", orçamentou 80.343 euros, e o movimento cívico "Unidos por Torres Vedras" 80 mil euros.
Já o movimento independente "Figueira a Primeira", liderado pelo antigo primeiro-ministro e ex-líder do PSD Pedro Santana Lopes, apresentou um orçamento de 64 mil euros.