Norte com 46% dos óbitos por covid. Óbitos devido a tumores e enfartes diminuíram face ao ano anterior.
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As doenças do aparelho circulatório continuam a estar na origem do maior número de óbitos no nosso país. Destacando-se as mortes por Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) que, em 2020, responderam por 11439 óbitos, numa subida de 4,2% face ao ano anterior. No primeiro ano pandémico, os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) colocam a covid como a segunda causa de morte, com 7125 óbitos, 46% dos quais no Norte.
Analisando os dados das mortes por doenças cerebrovasculares, 2020 interrompe a descida de óbitos por AVC que se observava desde 2013, com mais 464 mortes face a 2019. Num ano em que, como o JN noticiou na altura, os centros de orientação de doentes urgentes do INEM acionaram mais vezes a via verde do AVC e os doentes demoraram mais tempo a pedir socorro, adiamento este mais visível na primeira vaga, em março. Em termos relativos, o peso das mortes por AVC no total de óbitos passou dos 13,6%, em 2010, para 9,2%, em 2020, nota o INE. Mortalidade esta que impactou mais nas mulheres e nas faixas etárias superiores.
Covid impacta no Norte
Seguem-se as mortes por covid, representando 5,8% do total de óbitos registados em 2020, ano em que morreram quase 124 mil pessoas. Com destaque para a região Norte, com 91,5 óbitos por 100 mil habitantes, contra uma média nacional de 69,2, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa (71,5). São 3266 mortes na região nortenha, 46% do total, concentradas nos meses de novembro e dezembro (dois terços do total do ano), quando a segunda vaga entrou no país pelo Norte. Em meados de dezembro, recorde-se, o país registava 3,4 óbitos a cada hora. Mesmo assim, longe do que janeiro de 2021 reservaria em termos de mortalidade por covid.
A taxa de mortalidade por covid, em 2020, impactou mais nos homens (76,4 por 100 mil habitantes) do que nas mulheres (62,5). Sendo "mais elevada nas idades mais avançadas", em "especial na faixa dos 85 e mais anos". Os dados do INE, ainda provisórios, mostram ainda que a idade média ao óbito foi maior nas mulheres (83,4 anos) do que nos homens (79,9 anos).
Menos mortes por enfartes e tumores
Em sentido inverso estiveram os óbitos por tumores malignos e por enfarte agudo do miocárdio. Analisando os óbitos por tumores malignos, 2020 interrompe uma subida iniciada em 2006, com um total de 28393 mortes, menos 2% face a 2019. Com destaque para os tumores da traqueia, brônquios e pulmão, representando 3,5% do total de mortes no país, com uma descida também de 2% face ao ano anterior. Em 2020, a "taxa de mortalidade dos residentes por tumores malignos foi de 275,1 por 100 mil habitantes", chegando aos 344,7 nos homens. Mesmo assim, contabilizaram-se menos anos potenciais de vida perdidos (108174 anos), o que se explica pela diminuição da mortalidade prematura (abaixo dos 70 anos).
Nas doenças isquémicas do coração registaram-se, também, menos mortes - 6838, menos 4,4% face a 2019. Por enfarte agudo do miocárdio, o INE contabiliza 4086 óbitos, numa descida também de 4,4%. A larga maioria (81%) foi de residentes com 65 ou mais anos de idade, num número médio de anos potenciais de vida perdidos de 10,9 anos.
De referir, por último, que, em 2020, as mortes por doenças do aparelho respiratório causaram 11266 óbitos, menos 8% do que ano anterior. Sobressaindo a diminuição de 7,3% de mortes por pneumonia, num total de 4359 óbitos. Sendo que, nesta categoria, conforme orientações da Organização Mundial de Saúde, não se incluíram os óbitos por covid. Sendo que por óbito por covid entende-se, adianta o gabinete de estatísticas, "a doença que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram à morte".