No primeiro dia da campanha de recolha de alimentos nos supermercados, os 21 Bancos Alimentares espalhados pelo país recolheram 850 toneladas de alimentos. Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, avançou também que, até às 18 horas de domingo, o Banco Alimentar de Lisboa tinha recolhido perto de 70 toneladas, o que ascende a 920 toneladas. E tem expectativas elevadas.
Corpo do artigo
No fim do primeiro dia de campanha, o Banco Alimentar de Lisboa tinha recolhido 220 toneladas de alimentos, sendo a região do país com o maior volume de doações. Isabel Jonet refere que, nos 21 bancos alimentares espalhados pelo país, que contam com a ajuda de cerca de 40 mil voluntários, os principais alimentos recolhidos foram o leite, arroz, massa, cereais de pequeno almoço, farinha, açúcar, salsichas e atum.
"Comparando com maio de 2019, porque no ano passado não fizemos campanha presencial, os números deste ano foram ligeiramente superiores. Também tivemos este ano mais voluntários quando comparado com o período anterior à pandemia", afirma Isabel Jonet, adiantando que pelas 20 horas já tinha atingido "sensivelmente" a mesma quantidade de alimentos recolhidos na campanha de maio de 2019. Depois do fim da recolha, os Bancos Alimentares vão distribuir estes alimentos a 2600 instituições de solidariedade social a nível nacional. Uma ajuda que pretende chegar a 400 mil pessoas.
Só na madrugada de segunda-feira Isabel Jonet terá a contabilidade dos alimentos recolhidos nestes dois dias, mas as suas expectativas são positivas.
Testemunho de voluntários
António Beltrão, de 65 anos é voluntário do Banco Alimentar de Lisboa há cinco anos."A questão do outro é essencial para mim. Por formação ou por valores, sem o outro eu não existiria. Foi essa a razão por que comecei aqui há cinco anos", diz ao JN este domingo, enquanto ajudava na separação dos alimentos. "Um dia, eu vim ao Banco Alimentar de Lisboa trazer papel e, após ter visto o que estava a ser feito aqui, perguntei aos responsáveis do voluntariado em que medida eu podia ajudar."
António Beltrão também tem visto muitos jovens a ajudar, durante o tempo da pandemia, na recolha e no voluntariado, algo que o agrada. Questionado sobre se vai continuar a fazer trabalho de voluntário, António Beltrão diz que "não me vejo longe daqui. O voluntariado faz parte do meu equilíbrio emocional e espiritual", afirmou.
Já João Peneda, de 54 anos, faz voluntariado há muitos anos e tem ajudado o Banco Alimentar desde 2016. "Tento organizar um pouco o espaço, na distribuição de massas, o arroz e outros". João Peneda nota que, apesar do regresso à campanha presencial, este ano há menos voluntários, apontando o dedo ao covid.
Além da responsabilidade, que o levou a ajudar em países como Timor e Angola, João Peneda descreve que a principal razão para fazer voluntariado é "ajudar o próximo, sentir-me verdadeiramente útil porque o trabalho faz-nos sentir úteis para nós próprios e úteis para a comunidade."