O Banco Alimentar está a receber, em média, mais de 52 novos pedidos de ajuda diários. A segunda vaga da pandemia voltou a fazer disparar o número de pessoas carenciadas, mas o volume de doações mantém os valores registados no início do surto.
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E por isso, apela-se, mais do que nunca, à participação dos portugueses na tradicional campanha de recolha de alimentos, que já está no terreno a decorrer sem voluntários nos supermercados, devido à covid-19.
Desde o final de setembro que o número de inscrições de quem pede ajuda continua a aumentar, revelou ao JN Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome. Se em outubro, ainda se registava uma média de 30 novos por dia, agora ultrapassa a barreira da meia centena.
"Maioritariamente, são as mulheres a pedir apoio. Têm família, muitas delas são jovens, com filhos, perderam o emprego ou um dos dois que tinham. Viram-se sem rendimento suficiente para honrar os seus compromissos. Algumas nunca tinham pedido ajuda."
Contam-se também "muitos imigrantes", a maioria de nacionalidade brasileira, "mulheres que perderam os seus trabalhos precários na restauração" e vão engrossando a lista de pessoas que, durante este ano, estão a recorrer ao Banco Alimentar.
Só durante a primeira vaga da pandemia, foram mais de 60 mil pessoas apoiadas. "A pressão é grande. As necessidades aumentaram, mas as doações diárias, de empresas e particulares, não. São as mesmas que recebíamos antes da crise. Precisamos que os portugueses participem e ajudem quem atravessa sérias dificuldades", alerta Isabel Jonet.
Nesta segunda campanha de recolha de alimentos, é possível contribuir com a compra de vales de produtos disponíveis, até 13 de dezembro, nas caixas dos supermercados. Ou acedendo online a alimentestaideia.pt, onde se podem escolher alimentos a doar.
Paralelamente, de forma a minimizar o impacto das limitações à sua atuação, os 21 bancos que formam a Rede de Emergência Alimentar desafiaram escolas e empresas da sua área de influência a organizarem campanhas próprias.
Até agora, "a adesão tem sido grande, tal como a das pessoas a oferecerem-se para colaborar connosco. Felizmente, não temos falta de voluntários", garante Isabel Jonet, confiante no sucesso de mais uma iniciativa. "Porque os portugueses doam sempre o máximo que podem, pois sabem que no Banco Alimentar a ajuda chega sempre a quem precisa".
Donativos
São precisos milhões para dar comida a centenas
A Rede de Emergência Alimentar, que antes da pandemia apoiava 380 mil pessoas, angariou, em maio, mais 1,4 milhões de euros em donativos, entre particulares e empresas, para garantir a distribuição de alimentos a famílias afetadas pela crise. Somaram-se ainda mais 250 mil euros doados por entidades internacionais.