Produtos alimentares como batatas fritas, snacks, refrigerantes, e iogurtes, vão passar a apresentar menos quantidades de sal, açúcar ou gorduras trans. O compromisso entre o Ministério da Saúde e a indústria é assinado esta quinta-feira à tarde e a redução será feita de forma gradual até 2022, 2023 o mais tardar.
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O acordo prevê uma reformulação de composição de mais de 2000 produtos, uma autêntica revolução na oferta alimentar. As batatas fritas e os snacks deverão ter menos 12% de sal, os iogurtes menos 10% de açúcar, os refrigerantes, outros tantos, e as ditas gorduras trans, essencialmente ácidos gordos processados industrialmente, presentes em biscoitos, bolos e folhados, levarão um corte de 2 gramas por cada 100.
Na prateleira de supermercado, é fácil encontrar embalagens de cereais destinadas a crianças, o que fica bem claro por causa dos bonecos atrativos, compostas por 17% de açúcar, cerca de um quinto do produto. Os cereais para adultos podem conter cerca de 30% de açúcares, por exemplo.
No campeonato do sal e gorduras, os pacotes de batatas fritas chegam a apresentar cerca de 35 % de gorduras, das quais mais de 12% são saturadas e mais de 1,5% de sal.
Caberá à Nielson e ao Instituto Nacional Ricardo Jorge a monitorização independente desta transformação dos produtos, que tem como fim último dar um contributo para a redução dos problemas de obesidade.
O protocolo resulta de um acordo entre o Ministério da Saúde, nomeadamente, a Direção-Geral da Saúde e a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e um conjunto de associações setoriais.
Para o presidente da FIPA, Jorge Tomás Henriques, "os compromissos agora estabelecidos permitem dar uma nova evidência ao trabalho que a indústria alimentar já vem desenvolvendo há vários anos e que se tem refletido numa oferta alimentar cada vez mais diversificada e adaptada às novas exigências dos consumidores e da sociedade em geral".
Isabel Barros, presidente da APED, explica que o setor está preocupado em dar "prioridade às novas tendências de consumo e às preocupações da sociedade, assumido o papel proativo dos agentes económicos na disponibilização de uma oferta cada vez mais saudável". Reconhece ainda que "este é o caminho mais acertado para a promoção de estilos de vida mais saudáveis".
Os acordos alcançados resultam de um ano de trabalho e de múltiplas reuniões realizadas entre as associações empresariais e o Ministério da Saúde e enquadram-se na Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável. Um dos problemas ainda por resolver prende-se com a falta de controlo dos produtos importados. Portanto, não se espere uma redução em todos os produtos expostos nas prateleiras.
Refira-se que segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, que parte de dados do Instituto Nacional de Estatística, 16,4% da população adulta portuguesa sofre de obesidade e 52,8% da população tem excesso de peso.