O BE e o PCP ficaram isolados, esta sexta-feira, na defesa da extinção dos "vistos gold", recebendo críticas de bancadas como as do PS, PSD, IL e Chega.
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Bloquistas e comunistas queriam acabar com os "vistos gold". Mas esbarraram, esta sexta-feira, na oposição das restantes bancadas parlamentares.
Para o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, os "vistos gold" (criados em 2012 com o objetivo de captar recursos e investidores para o país atribuinto, em troca autorizações de residência), estão a ser usados para branqueamento de capitais. "Quem vem de regimes autoritários vem lavar a sua imagem e lavar o seu dinheiro", afirmou, considerando a situação "inaceitável".
"Na prática, os 'vistos gold' criam um regime amigo da prática da lavagem de capitais", concordou a deputada comunista Alma Rivera, pedindo que o Parlamento aceitasse "acabar com a imoralidade que o regime representa".
Mas a maioria das bancadas opuseram-se. Para a deputada da IL, Carla Castro, as pretensões de BE e PCP representam "um viés ideológico contra o investimento privado". "Os 'vistos gold' foram criados para se captar investimento", concordou a social-democrata Ofélia Ramos, lembrando que geram 6,3 mil milhões de euros e acusando bloquistas e comunistas de "preconceito ideológico caduco".
O PSD só aceitou, assim, um caminho de reforço da fiscalização. O Chega concordou. "Se têm problemas, vamos corrigir, melhorar, criar filtros", afirmou o líder do Chega, André Ventura. "Onde estão os 6,3 mil milhões de euros?", contra-argumentou a comunista Alma Rivera, questionando quantas casas a preços acessíveis foram criadas para os portugueses e quantos novos empregos foram gerados pelos "visto gold". "Em Cuba e na Coreia do Norte não têm grande investimento estrangeiro", concluiu, com dureza, André Ventura.
Para o PS, é altura de avaliar não extinguir. "É preciso avaliar os efeitos da última alteração ao regime e ver se foi conseguido o equilíbrio" sustentou o deputado Pedro Anastácio.