Estabelecendo uma relação temporal entre o anúncio da decisão de António Costa de governar sozinho e o encontro anterior com os patrões, a líder bloquista lamentou a escolha socialista, mas continua disponível para reunir e negociar.
Corpo do artigo
"O PS tinha dois caminhos", explicou Catarina Martins, em conferência de imprensa marcada para esta tarde. Ou voltar a celebrar um acordo semelhante ao que foi alcançado há quatro anos, com novos termos, ou limitar-se a procurar apoios parlamentares para aprovar legislação, nomeadamente o Orçamento do Estado. Escolheu o segundo.
11394628
Um dia depois de ter reunido com a líder bloquista na sede do BE - e de ter dito, à saída, que ambos os partidos convergiam na "vontade de prosseguir trabalho" - António Costa reuniu a Comissão Política do Partido Socialista e recusou a negociação de um acordo escrito, que tinha sido proposto pelo Bloco.
Reagindo à decisão do PS de formar Governo sem assinar qualquer acordo escrito com o Bloco (o único partido à sua Esquerda que estava disponível para tal), Catarina disse que apresentou um documento com metodologia e bases políticas que garantissem a autonomia dos partidos, com um dos pontos-chave das propostas a incidir sobre a lei laboral, que os socialistas não pretendem mudar.
"O Bloco de Esquerda lamenta a decisão do PS", disse, acrescentando que o primeiro-ministro indigitado "demonstrou indisponibilidade para qualquer mexida na lei laboral imediatamente a seguir a uma reunião com associações patronais".
Depois de um deputado do BE ter falado num "golpe de teatro" do PS no Facebook, a dirigente foi cautelosa no discurso e voltou a salientar a importância da "Geringonça" dos últimos quatro anos como "garantia de estabilidade para as pessoas". "Ao decidir ponto final à geringonça, o PS recusou um modelo que impediu recuos e respeitou direitos e rendimentos", continuou.
De resto, garantiu disponibilidade para negociar caso a caso, anunciando uma nova reunião pedida pelo PS para prosseguir negociações.