O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reagiu hoje às críticas feitas por alguns setores da Igreja ao relatório nacional para o Sínodo 2021-2023, sublinhando a importância de uma escuta alargada no seio da sociedade.
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"Os conteúdos do relatório não foram inventados pela comissão [que o elaborou]", mas são um "resumo de quanto surgiu das etapas diocesanas" de reflexão", salienta, em comunicado, o Conselho Permanente da CEP, que entende ser de " bom-senso escutar aquilo que surge do povo de Deus", nas dimensões "negativas, positivas e propositivas".
Frisando que o documento em causa "não é um tratado sobre a Igreja no seu todo nem um juízo sobre a Igreja em Portugal", aquele organismo da CEP defende a necessidade de refletir sobre os conteúdos do relatório. "É importante ouvi-los, discerni-los, completá-los ou reformulá-los, mas não descartá-los", pode ler-se no comunicado.
No relatório de Portugal sobre o Sínodo dos Bispos, divulgado em agosto, era proposto, por exemplo, o fim do celibato obrigatório e a valorização do papel da mulher "num plano de igualdade" com os homens, "incorporando-a nas estruturas do poder eclesial".
No documento, elaborado por uma comissão criada para o efeito pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) a partir dos contributos recolhidos em todas as dioceses, pede-se também "uma Igreja de portas abertas", que acolha "todos" e que exclua "atitudes discriminatórias, que deixam à margem a comunidade LGBTQIA+", mas também os divorciados recasados.
O teor do relatório gerou críticas de alguns setores da comunidade católica, através da publicação de várias cartas abertas. Uma delas subscrita por jovens denuncia o "tom negativo" do resumo oficial da fase diocesana do sínodo. Também dois padres do Patriarcado de Lisboa, Duarte da Cunha e Ricardo Figueiredo, elaboraram uma nova síntese para "fazer justiça" ao trabalho prévio realizado pelas dioceses, avança a Rádio Renascença
Já no início deste mês, uma outra carta aberta, subscrita, entre outros, pelo padre Gonçalo Portocarrero de Almada e pelo economista Bagão Félix, também contestou o relatório, nomeadamente por, segundo os seus autores, alinhar "com o pensamento politicamente correto".
O percurso para a celebração do Sínodo, que decorrerá em outubro de 2023, está dividido em três fases: uma diocesana, outra continental e, por fim, uma de nível mundial.
A auscultação das Igrejas locais foi uma etapa inédita, proposta e desenhada pelo Papa Francisco, tendo decorrido até 15 de agosto de 2022. Os relatórios nacionais vão dar origem, no Vaticano, ao Documento para a Etapa Continental do Sínodo - o "Instrumentum Laboris 1", cuja publicação deverá ocorrer até final de outubro.