
Jorge Costa
MIGUEL A.LOPES/LUSA
O BE avisou esta segunda-feira que enquanto existirem portugueses a viverem com privações ninguém espere que os bloquistas "se reduzam à ternura dos 40", e considerou que as decisões tomadas pela atual maioria parlamentar são a melhor homenagem à Constituição.
"As decisões tomadas na Assembleia da República nestes meses - da tímida recuperação dos salários à reposição de apoios sociais de urgência, da subida anual do salário mínimo à baixa dos custos energéticos das famílias mais vulneráveis - são a melhor homenagem que hoje se podia fazer à Constituição nos seus 40 anos", disse o deputado do BE Jorge Costa durante a sessão solene, no parlamento, de comemoração dos 42 anos do 25 de abril.
Considerando que, "numa democracia, é o contrato social que prevalece", o deputado do BE avisou que enquanto a "dívida histórica" para com quem, "vivendo em privação, não vive em democracia", estiver por cobrar, "ninguém espere que o Bloco de Esquerda se reduza à ternura dos 40".
"Ninguém nos espere convertidos ao inevitável, ou finalmente encaixados no papel de tristes filhos da revolução que passou. Pelo contrário, temos a idade dela. Somos as suas irmãs e os seus irmãos. É com ela que viemos encontrar-nos", assegurou.
Segundo Jorge Costa, "nos últimos meses, 40 anos depois, forças diferentes, com mandatos distintos, fizeram um caminho de diálogo e compromissos conjuntos", numa referência à atual maioria parlamentar que suporta o Governo PS, que inclui BE, PCP e PEV.
"Desmentiram que, em eleições livres, nem todos os votos sejam úteis. E escolheram o seu ponto de partida: não pode prolongar-se a devastação dos últimos anos, o empobrecimento tem de parar, nem mais um passo atrás", vincou.
O deputado do BE disse ainda que "ao longo de 40 anos defendida e atacada, ferida e alterada, a Constituição permanece e mantém o seu objetivo: uma sociedade de cultura e trabalho, pluralismo e igualdade".
"E enquanto houver um poderoso, um financeiro ou um burocrata que a acuse de ser um obstáculo ao progresso, a Constituição respira", sublinhou, questionando ainda o que diria agora Lei Fundamental "da vida que leva o seu povo constituinte".
Quarenta anos depois, na opinião de Jorge Costa, a "democracia encolhe-se sob a pressão de uma União Europeia nascida nas elites, imposta, tratado após tratado, ignorando os povos".
"40 anos depois, carregamos o fardo de uma elite fracassada. As famílias da ditadura, recicladas nesta economia de rendas e casino, continuam a fazer-nos perder o que não podíamos desperdiçar. Espírito Santo, Mello, Champalimaud, Queiroz Pereira", enumerou.
O bloquista considerou ainda que "Portugal vive agora uma expectativa incrédula".
"Quiseram convencer-nos que empobrecer era mais do que inevitável - era um Bem, a virtuosa estratégia, viver sempre pior porque só assim se merece viver. E, no entanto, a democracia falou", enalteceu.
