A previsão do tempo diz que a bonança está à porta, mas as consequências da tempestade ainda causam preocupações, principalmente na bacia do Mondego, nomeadamente em Montemor-o-Velho.
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"A situação em Montemor-o-Velho é que exige mais cuidado", disse secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, numa conferência de imprensa, cerca das 0.30 horas deste domingo. "Estamos longe de estar no fim desta operação, vamos ter ainda muitas horas, vários dias, de trabalho pela frente; há um trabalho de estabilização, de recuperação, que tem de ser feito", acrescentou.
"A situação está mais estabilizada neste momento", disse Patrícia Gaspar. "Vivemos momentos críticos esta tarde", acrescentou, elogiando o trabalho da Proteção Civil, e também a forma como as populações cooperaram com as autoridades. Pelo menos 464 pessoas tiveram de deixar as casas - 144 desalojadas e 320 deslocadas por precaução, a maioria devido à subida das águas do rio Mondego, após a rotura do dique do leito principal do Mondego.
A situação de cheia que afeta a região do Baixo Mondego não provocou feridos e as autoridades advertem que as próximas horas serão cruciais para avaliar o impacto do colapso da margem direita em Montemor-o-Velho.
O Comandante Distrital de Operações de Socorro de Coimbra (CODIS), Carlos Luís Tavares disse que o colapso do dique ocorreu "numa extensão de 100 metros" na margem direita, na zona de Formoselha: "o canal [de rega] desapareceu e a margem também colapsou. Temos a margem do rio e o canal de rega [adjacente a esta] e tudo isto se fragmentou", revelou.
A rotura "pode vir a aumentar pelo desgaste [provocado pela força da água], no entanto vai espraiar para campos de terra", reafirmou o comandante distrital, embora admitindo que as autoridades terão de aguardar "pelas próximas horas", concretamente ao início da manhã, para perceberem o desenvolvimento da rotura e a quantidade de água que por ali sai em direção à sede de concelho e povoações adjacentes.
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Patrícia Gaspar disse que as autoridades vão avaliar, à medida que os caudais descem, se as pessoas podem regressar a casa e revelou ter tido conhecimento de que alguns moradores puderam já reentrar nas habitações, sem especificar onde.
Caudal está a baixar, mas descargas das barragens preocupam
O caudal do rio Mondego está a baixar ligeiramente em Coimbra, mas pode vir aumentar durante a madrugada com algumas descargas previstas das barragens a montante, disse à agência Lusa o presidente do município, Manuel Machado.
O autarca, que falava após uma reunião com a secretária de Estado da Proteção Civil, em Coimbra, que seguiu para Santa Varão (Montemor-o-Velho). Manuel Machado disse que "o caudal está a baixar relativamente, mas durante esta noite vai ser necessário reequilibrar as barragens do alto do Ceira, da Aguieira e das Fronhas".
"Ainda que se desejem que as descargas sejam controladas, embora no caso da bacia do rio Ceira não seja possível controlar nada, uma descarga instantânea pode, num tempo extremamente rápido, alterar tudo", frisou.
O autarca acrescentou ainda que a operação de proteção de pessoas e bens nas freguesias de São Martinho, Ribeira de Frades, Taveiro, Ameal e Arzila vai continuar durante a noite, depois de uma solicitação do município para que as pessoas deixassem as suas habitações, numa atitude preventiva, na sequência do previsível aumento do caudal do rio, anunciou a estrutura, em comunicado.
Segundo o presidente do município, Manuel Machado, a operação está a correr bem e a esmagadora maioria das pessoas está a compreender "que a Câmara está a tentar protegê-las de um perigo e não existem resistências relevantes".
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A Proteção Civil registou, durante este sábado, 1727 ocorrências relacionadas com o mau tempo, obrigando pelo menos 464 pessoas a deixar as casas - 144 pessoas desalojadas e 320 deslocadas por precaução, a maioria devido à subida das águas do rio Mondego.
Durante as últimas horas a Proteção Civil não teve registo de mais nenhum ferido ou morto devido ao mau tempo. No entanto, o balanço do mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou este sábado o impacto da depressão Fabien, passa por dois mortos e um desaparecido e ainda condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica.
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Com a deslocação da Depressão Elsa para sul, foi tempo de arregaçar as mangas e começar a limpar os estragos que as cheias causaram a Norte, com o Douro a galgar as margens na ribeira do Porto e de Gaia, a lembrar outros tempos.
A subia dos rios Águeda, Tâmega e Minho causaram, também, inundações em várias cidades do Norte de Portugal, nomeadamente Monção, Melgaço, Amarante ou Chaves, entre outras.
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O mau tempo não é exclusivo de Portugal. Em Espanha e França, a passagem da depressão Elsa fez seis mortos, no país vizinho, e um desaparecido em terras gaulesas.
Bonança, depois das tempestades, chega este domingo
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera já havia alertado para os efeitos da depressão Fabien, em especial no Norte e no Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 140 km/hora nas terras altas.
Prevê-se que estes efeitos vão diminuindo e que se registe uma melhoria gradual do estado do tempo a partir de domingo.
Os distritos do Porto, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga vão estão, desde as 21 horas, em alerta vermelho, até às 12 horas de domingo, devido à agitação marítima, a que se soma Vila Real, por causa de fortes rajadas de vento, que podem atingir 140 quilómetros/hora.
* com Lusa