Em Braga, o cartão escolar é acessível ao segundo e terceiro ciclos Secundário das escolas públicas e usado também por professores.
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Daniela Monteiro deixou de ter preocupações quando se esquece de comprar folhas de teste. Mariana Barreiro já não se lembra de perder o tempo do intervalo em filas na reprografia. Desde que, no início do ano letivo, as alunas da Secundária Alberto Sampaio, em Braga, passaram a usufruir de um cartão escolar, que pode ser carregado no multibanco (por MB way ou Payshop), ter ou não dinheiro no bolso para usufruir dos serviços da escola deixou de ser um problema.
"A minha mãe anda, muitas vezes, na rua em trabalho e é muito fácil entrar numa Payshop e carregar o cartão, quando tenho uma emergência. Às vezes, preciso de folhas de teste logo para o início da manhã e peço-lhe para carregar", conta Daniela Monteiro, acreditando que, para os alunos mais novos, "é muito mais seguro" não ter de andar com dinheiro.
"Se estivermos de passagem por outras escolas, podemos entrar para comprar material escolar, por exemplo, ou ir ao bar, se tivermos sede", adianta Mariana Barreiro, aluna do 12.º ano. "Quando precisamos de algum material escolar, é muito mais barato comprar numa reprografia do que ir a uma livraria da avenida. E há muitas escolas onde podemos comprar", completa Daniela Monteiro, do 11.º ano.
Usado por quase 17 mil pessoas
Em Braga, o cartão escolar permite que alunos, professores, funcionários e encarregados de educação efetuem pagamentos nos serviços dos estabelecimentos de ensino, de forma igual para todos. O cartão é acessível ao segundo e terceiro ciclos e Secundário das escolas públicas e é válido para compras no refeitório, bar, papelaria, reprografia e máquinas de vending. Ao todo, são quase 17 mil utilizadores.
No Agrupamento Alberto Sampaio, onde estudam cerca de 3600 estudantes, o diretor, João Andrade, adianta que a comunidade já tinha acesso a um cartão, mas o carregamento era feito na escola com dinheiro e só acessível aos serviços daquele estabelecimento. Por isso, só vê vantagens nesta modernização. "Deixamos de ter de gerir verbas, aliviou os serviços, aumentou a segurança, porque o aluno não perde dinheiro e os pais sabem exatamente onde o aluno o gastou, onde comeu e onde esteve. Podem saber ao detalhe todas as despesas", elucida o responsável.
Para os jovens, esse controlo não parece ser um problema. "Já temos maturidade e controlamos os nossos gastos. Os nossos pais confiam em nós", atesta Mariana Barreiro.
Pode vir a ter outro tipo de utilizações
O Município de Braga investiu um milhão de euros para uniformizar os cartões escolares e, no futuro, o objetivo é que esta espécie de carteira virtual possa, também, servir de forma de pagamento para outros serviços do universo municipal. Para Daniela e Mariana, alunas da Escola Secundária Alberto Sampaio, uma das principais ambições é que o cartão passe a permitir pagamentos nos transportes públicos e nos museus e monumentos da cidade. "Era muito bom integrarem essas funções", diz Daniela.
Explicador
Que cartão é este?
O cartão do aluno é uma identificação do estudante, que permite a entrada e saída dos estabelecimentos. Na maioria dos agrupamentos, o cartão já é preciso para pagar refeições ou realizar compras nas papelarias, reprografias e bares das escolas, mediante um pré-carregamento. Nestes serviços, não se usa dinheiro físico.
Como se carrega?
As empresas permitem o carregamento dos cartões em numerário ou através de via digital, como referências Multibanco ou MB Way. Em algumas soluções, há taxas associadas aos pagamentos digitais e que são imputadas aos pais, que têm sempre a alternativa de carregar em numerário e sem custos.
Municípios pagam taxas?
Há municípios que, graças à transferência de competências na área da Educação, assumiram o pagamento das taxas. É o caso das autarquias que contratualizaram o serviço à Edubox e negoceiam com os CTT qual o montante a pagar.
Qual o valor das taxas?
O valor a pagar pelos carregamentos depende das empresas. No caso da Microabreu, os "custos pela prestação do serviço variam entre 1,5% e 4% do valor do carregamento mais um valor fixo entre 0,30 e 0,60 cêntimos" por operação, com hipótese de carregar sem custos na papelaria.
O cartão é de um banco?
A Edubox tem uma parceria com o banco CTT para a solução dos cartões escolares pré-pagos. No entanto, os encarregados de educação não ficam vinculados ao banco e não têm qualquer encargo financeiro com o documento escolar. A solução da "carteira digital" é regulada pelo Banco de Portugal. A verba não utilizada pode ser transferida para outro IBAN ou através de vale postal.