Braga é a vencedora do prémio europeu de Cidade Inovadora em Ascensão, no valor de 500 mil euros. Lisboa passa o seu título de Capital Europeia da Inovação para a cidade italina de Turim. Os galardões foram atribuídos, esta quarta-feira, pela comissária Iliana Ivanova na Web Summit, em Lisboa.
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Braga é a nova Cidade Inovadora em Ascensão na Europa. A cidade do Norte de Portugal foi distinguida nesta categoria dos Prémios Capital Europeia da Inovação de 2024 (conhecidos como iCapital, em inglês), lugar que competia com Linz, na Áustria, e Oulu, na Finlândia. Sucede, assim, a Linköping, na Suécia.
Os vencedores desta que é a 10ª edição dos prémios foram anunciados, esta quarta-feira, pela comissária europeia Iliana Ivanova no palco global da Web Summit, em Lisboa. Na abertura da cerimónia, a responsável pela pasta da Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude começou por assinalar que o prémio é apenas uma das formas como a Comissão Europeia fomenta novas inovações, alertando para a necessidade de se reforçar a procura de respostas inovadoras perante a maior pressão sobre os grandes centros urbanos. Isto porque, segundo as estimativas, em 2050, cerca de 85% dos europeus irão viver nas grandes cidades.
Já com o prémio na mão, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio (PSD), agradeceu a distinção que acredita ajudar para que cidade, uma das cidades mais antigas da Europa, e ao mesmo tempo uma das mais mais jovem, se continue a reiventar. O anúncio foi celebrado com um grande aplauso do público.
Em segundo lugar ficou a cidade austriaca de Linz e em terceiro a cidade finlandesa de Oulu. Os dois segundos classificados recebem cada um 50 mil euros. Todas as cidades finalistas são ainda convidadas a integrar a rede europeia Alumni do iCapital, que promove a partilha de conhecimento e inovação urbana no velho continente.
Em conferência de imprensa, o autarca bracarense reconheceu o prémio como "um marco" num caminho que Braga percorreu nos últimos anos, salientando que a cidade se distingue por ser "aberta a todos", com uma população imigrante que tem mais de 130 nacionalidades, e "nenhuma comunidade é marginalizada". Ricardo Rio reconheceu, por isso, a grande diversidade cultural "enriqueceu a cidade", onde já mais de 15 mil residentes, cerca de 8%, são cidadãos brasileiros.
Ao JN, Ricardo Rio considerou que este reconhecimento "abre muitas portas" para a cidade participar "noutros projetos internacionais" e "outras oportunidades de financiamento adicionais" para melhorar e reforçar o que já está em prática. Mas só foi possível posicionar Braga na "cena internacional" devido ao trabalho cojunto "de todo o concelho, das instituições do Ensino Superior e dos centros de investigação, do tecido empresarial e de outros agentes" do setor público, reconheceu.
Apesar dos avanços dados, o autarca bracarense reconheceu ser necessário "reforçar a capacidade de inovar da cidade no que toca à biotecnologia", recordado que a câmara já submeteu uma candidatura à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte) para que sejam criados centros tecnológicos próprios nesse ramo.
Questionado sobre como é que a autarquia pretende dar a conhecer aos bracarenses que passos serão dados a seguir, Ricardo Rio considerou que o modelo de governança da cidade - diferenciador a nível quer nacional quer europeu - dá aos cidadãos formas de se envolverem nos projetos. Já os resultados, sentem-se no dia a dia, defendeu o autarca, seja com "a digitalização dos serviços municipais" seja com a promoção de "uma melhor mobilidade e mais sustentável", com a transição da frota dos transportes públicos para uma movida a energia elétrica, exemplificou.
Braga tem desenvolvido desenvolvido várias soluções que pesaram na decisão do júri, desde 'clusters' baseados em tecnologia até indústrias culturais e criativas. Embora reconheça que a inovação tem trazido principalmente vantagens económicas, como a criação de quase dois mil novos empregos por ano, o presidente da Câmara de Braga reforçou o compromisso de se investir em soluções que fomentem também a cultura e a sustentabilidade.
A categoria que reconheceu o progresso dado por Braga nos últimos anos tem como objetivo distinguir cidades com uma população entre 50 mil e 249 999 habitantes, com uma recompensa no valor de 500 mil euros para desenvolverem os seus projetos na área da inovação.
Já em conferência de imprensa, Ricardo Rio lembrou algumas das decisões que contribuiram para o destaque de Braga. Desde logo, quando tomou posse, em 2013, a criação de uma agência própria para fomentar o surgimento de novas empresas tecnológicas e, pouco depois, Braga passou a integrar a rede de cidades criativas da UNESCO.
Lisboa passa o testemunho de Capital Europeia da Inovação a Turim
Já o galardão principal, de Capital Europeia da Inovação, no valor de um milhão de euros, foi atribuído Turim, na Itália. O segundo lugar foi atribuído a Espoo, na Finlândia, e por último a West Midlands, no Reino Unido.
Lisboa passa, assim, o testemunho que mantinha, desde o ano passado, a Turim. “Aproveitem o momento e pensem como podem usar o dinheiro, é um milhão de euros, o equivalente a um Prémio Nobel da Inovação. Irei sempre sentir que Lisboa é a Capital Europeia da Inovação, e também o irão sentir porque somos uma comunidade de inovadores”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, em palco, dirigindo-se aos autarcas das três cidades finalistas antes de serem conhecidas as escolhas do júri.
Em jeito de balanço dos últimos três anos, um dos quais em que Lisboa ocupou o título, o autarca lisboeta considerou que o projeto apoiado, o "Unicorn Factory", um caso de sucesso ao ter lançado 40 empresas unicórnio que têm, neste momento, mais de 400 trabalhadores cada. No total, foram criados mais de 15 mil postos de trabalho na capital portuguesa.
Os prémios, lançados há uma década, em 2014, apoiados pelo Conselho Europeu da Inovação no âmbito do programa Horizonte Europa, têm como objetivo reconhecer cidades pioneiras na concretização de soluções inovadoras para os seus cidadãos.
Questionada sobre como as distinções têm contribuído para fomentar inovações tecnológicas nos últimos dez anos, a comissária bulgara defendeu que os resultados “falam por si mesmos”. Ivanora partilhou ser inspirada pelo impacto que os prémios têm tido na partilha de experiências entre as cidades vencedoras ao longo das várias edições dos prémios.
"Todos enfrentamos desafios comuns. Todos estamos a lutar contra as alterações climáticas. São estes os tipos de desafios que ninguém pode lidar sozinho. É mesmo esse o propósito dessa rede [de cidades europeias inovadoras] e destes investimentos: aprender, crescer e inspirar uns aos outros", adverteu.
Também o autarca de Turim, Stefano Lo Russo, partilhou da mesma visão otimista de que a inovação continuará a gerar empregos, mas também a ajudar a Europa a combater outros desafios, como os impactos do envelhecimento da população e das alterações climáticas.
Embora, por essa altura tenha passado a pasta a Ekaterina Zaharieva - futura comissária europeia para as Startups, Investigação e Inovação na nova equipa de Ursula Von der Leyen para os próximos cinco anos - Ivanova partilhou ainda o desejo de as cidades vencedoras deste ano possam inspirar às próximas candidatas. Sobre a sua sucessora, disse apenas acreditar que manterá como prioridade fomentar a competitividade da União Europeia na área da inovação e do desenvolvimento.