Comida e artigos de higiene para apoiar pessoas desempregadas ou com cortes salariais.
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Preocupado com os muitos milhares de pessoas que perderam rendimentos - por terem ficado desempregadas ou por as empresas onde trabalham terem entrado em lay-off, na sequência da Covid-19 - Nuno Botelho entendeu que tinha de fazer alguma coisa para as ajudar. Foi quando lhe ocorreu colocar uma caixa com alimentos e artigos de higiene pessoal no bairro onde mora, em Sassoeiros. Desde então, o gesto do fotojornalista, de 40 anos, tem sido replicado por todo o país.
"Leve o que precisar, deixe o que quiser" foi a mensagem que Nuno Botelho colocou junto à primeira Caixa Solidária, no dia 4 de abril, e onde já voltou a colocar mais bens, tal como os vizinhos. Passado pouco tempo, deixou outra caixa na Parede. "Há pessoas que estavam a trabalhar a recibo verde e que, de um momento para o outro, ficaram sem rede", explica. "À noite, podem ir a uma dessas caixas recolher bens essenciais, sem darem a cara".
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Nuno Botelho nunca imaginou que o projeto se multiplicasse por todo o país, desde que começou a ser partilhado nas redes sociais, tanto que optou por criar a página Caixa Solidária, no Facebook, com mais de 25 mil membros. No início, era administrada em conjunto com a mulher, Catarina Moisão, mas hoje conta com o apoio de outras pessoas. Um trata da divulgação, outros dão resposta a pedidos de informação, e outros atualizam o mapa de Portugal, com a indicação do local onde se encontram as mais de 200 caixas.
"Esta iniciativa não pretende substituir as instituições de solidariedade já existentes", sublinha o fotojornalista, mas antes possibilitar às pessoas com dificuldades terem acesso a bens de primeira necessidade, sem terem de sair do bairro onde moram. Embora desconheça até quando se sentirá o impacto do coronavírus a nível económico e social, Nuno Botelho entende que o projeto deve ser mantido. "No tempo da troika, ainda demorou um bocadinho até as pessoas voltarem a ter emprego".