Autarquias mais pequenas apoiam alunos até ao 12.º ano Transportes custam 46 milhões
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Quando muitos alunos entrarem na escola para o início do ano letivo 2022/2023, hoje, levarão na mochila o material escolar financiado pelas câmaras municipais. Há pelo menos 188 mil estudantes que vão receber livros de fichas, canetas, lápis, afias e estojos, entre um sem-fim de objetos escolares financiados por dezenas de autarquias que gastam mais milhões do que a lei prevê, inclusive no transporte escolar. Quase todas as autarquias de menor dimensão apoiam os alunos até ao 12.º ano.
O JN contactou as 278 câmaras municipais de Portugal continental e, das 116 que responderam, há 86 que dão mais material e livros de fichas do que a lei obriga. Estes apoios em material escolar têm um custo superior a 7,5 milhões de euros e vão chegar a, pelo menos, 188 mil alunos. Nos transportes, as autarquias também são mais generosas do que a lei prevê e este apoio vai chegar a 125 mil estudantes. Para levarem os petizes à escola, os municípios vão gastar 46 milhões de euros até ao fim do ano escolar.
Desde 2019 que os manuais escolares são gratuitos para todos os alunos que frequentem o ensino público. A lei também prevê que estudantes com escalão A tenham refeições gratuitas, 16 euros em material escolar e 20 euros em visitas de estudo. No escalão B os apoios são de metade dos valores do escalão A. Tudo o resto é pago, exceto se as câmaras ajudarem.
No que toca ao material e livros de fichas, as 85 autarquias que dão mais do que a lei prevê fazem-no em diferentes formatos. Uns alargam o apoio a todos os alunos do 1.º Ciclo, como Braga e Guimarães, outros reforçam o apoio apenas para carenciados, como o Porto, que aumentou a verba de 16 euros para 20 euros, e há outros municípios que universalizam o apoio. Neste caso, há cerca de 20 câmaras que dão material escolar aos alunos de todos os anos, independentemente do escalão. São sobretudo do Interior e de média ou pequena dimensão, como por exemplo Vinhais, Valpaços ou Sousel.
Há, contudo, um município de grande dimensão que também atribui apoio universal. É Vila Nova de Gaia que, através do programa Gaia+Inclusiva, entrega cheques que vão dos 30 euros aos 75 euros para os mais de 30 mil alunos do concelho comprarem material escolar. "É uma clara aposta na promoção do sucesso escolar e numa cidade mais inclusiva", refere fonte do município gaiense.
Gaia e Coimbra lideram apoios
Não é de estranhar, por isso, que Vila Nova de Gaia seja o concelho onde se investe mais verba em material escolar, 1,5 milhões de euros. O segundo que mais despende é Lisboa (915 mil euros) e o terceiro é Odivelas (570 mil).
Se a análise se fizer pela perspetiva do apoio ao transporte escolar, quem investe mais é Coimbra (3,7 milhões de euros), Barcelos (2,7 milhões) e Braga (2,2 milhões). Refira-se que a lei também prevê que todos os alunos que residam a mais de três quilómetros da escola possam ter apoio na compra do passe. Há municípios que alargam o apoio e passam a contar a partir do segundo quilómetro e outros que garantem transporte para todos, independentemente da distância. Por exemplo, o Município de Figueira de Castelo Rodrigo garante transporte escolar gratuito a todo os alunos, desde o Pré-Escolar até ao Ensino Secundário, investindo mais de 144 mil euros.
Destaque, ainda, para os apoios fora do âmbito do material e transporte, como a licença da escola virtual, que a maioria dos municípios assegura (ler ficha ao lado).
Outros apoios
Terapia com cavalos
Em Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real, a Câmara assegura aulas de terapia assistida por cavalos para alunos com necessidades educativas especiais. As aulas melhoram o equilíbrio e a mobilidade.
Vale para bombeiros
Em Castro Verde, a Câmara dá um vale adicional de 100 euros para filhos de bombeiros voluntários e da Cruz Vermelha, de todos os anos de escolaridade.
Cinfães dá xadrez
As escolas de Cinfães destacam-se pela variedade de ações pedagógicas que incluem introdução à prática de andebol e gira-vólei, bem como a aprendizagem de xadrez, garantindo que todas as crianças recebem um kit de xadrez.
Tejo contra daltonismo
As 13 câmaras da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo têm um programa de rastreios e formação na temática do daltonismo destinado a crianças do 3.º ano de escolaridade.
Muitos dão explicações
Vários municípios estão a financiar ou a promover explicações para recuperação da aprendizagem perdida na pandemia. Em Vila de Rei, por exemplo, os alunos do Ensino Secundário têm explicações gratuitas às três disciplinas em que apresentem maior dificuldade, sendo esta uma escolha de cada turma.
Vouzela a nadar
Os alunos do concelho de Vouzela, da educação pré-escolar e do 1.º Ciclo, beneficiam de atividades de natação gratuitas.
Portel paga propinas
Vários municípios atribuem bolsas para estudantes do Ensino Superior que vão para fora do concelho. Portel, que atribui 700 euros por ano a cada universitário, é dos que dão mais.
Abrantes dá dentista
Através de protocolo com a administração regional, a Câmara de Abrantes assegura que todos os alunos do 1.º Ciclo têm acesso a um dentista a consulta de selantes.
Livros no privado
Há municípios que financiam os livros dos alunos do privado até ao 4.º ano, como Braga.
Horários alargados
Vários municípios têm modalidades gratuitas de prolongamento do horário escolar, como é o caso de Vila Nova de Paiva.
Prémios de mérito
Os melhores alunos são beneficiados no final de cada ano em municípios como Cinfães, São João da Pesqueira ou Vila de Rei.
Paredes oferece livro
Em Paredes, os alunos do 5.º ao 12.º ano recebem um livro de leitura obrigatória indicado pelas escolas. São abrangidos 6636 alunos.