O itinerário no GPS traça o trajeto: de casa até ao trabalho, Patrícia Lopes percorre quase 70 quilómetros de estrada e passa cerca de 40 minutos ao volante. O cenário repete-se na volta. A professora de educação física vive em Gaia e, neste ano letivo, foi colocada no Agrupamento de Escolas de Esgueira, em Aveiro.
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É com gosto e paixão que fala da profissão pela qual descobriu ter vocação quando frequentava o 10.º ano. O único senão é a distância entre o lar e o trabalho. Com dois filhos e o marido com a mesma profissão, todos os anos, em setembro, há que reorganizar a vida pessoal e profissional. Para estar com a família, a docente optou por fazer o itinerário todos os dias.
Patrícia Lopes terminou a licenciatura em 2006 e, desde então, concorreu sempre ao concurso nacional para obter uma vaga na escola pública. No entanto, numa fase inicial e para conseguir constituir família, optou por circunscrever as suas opções à Zona Norte.
Nunca foi colocada. Ainda assim, a docente nunca cruzou os braços e tem um vasto currículo. Foi professora de Educação Física nas Atividades de Enriquecimento Curricular em escolas primárias e começou a dar aulas em piscinas municipais, colégios privados e clubes desportivos.
"Gerir vida familiar"
Em 2020, no concurso para a colocação de professores, optou por alargar a zona geográfica de preferência. Foi, nesse ano letivo, colocada numa escola de Coimbra para substituir um colega durante um mês e, meses mais tarde, chamada para substituir outro colega numa escola de Mangualde. Nessa altura, os quase 140 quilómetros de distância entre casa e o trabalho obrigaram a mudar algumas rotinas. Era quase 1.30 horas gastas em cada viagem.
"Era sempre a correr. Eu ia e vinha a correr, no sentido de poder gerir a vida familiar", recordou a docente, admitindo ter gostado de lecionar em Mangualde. "Se a escola ficasse perto, ia outra vez", garantiu.
Este ano, Patrícia Lopes voltou a ser colocada. Desta vez, no Agrupamento de Escolas de Esgueira. Foi-lhe atribuído um horário anual de 15 horas por semana.
"Foi o ano que fiquei mais perto [de casa]. Fiquei contente por ser no início do ano letivo e por ser um horário anual. Consigo organizar a minha vida, no sentido de levar e ir buscar os meus filhos", referiu a professora, que descobriu ter jeito para a docência quando andava no 10.º ano.