Preocupação em evitar ajuntamentos está presente nos programas natalícios das autarquias. Lisboa, Porto, Gaia, Águeda e Matosinhos lideram investimentos.
Corpo do artigo
As ruas das principais cidades do país vão assistir a um Natal menos animado, porém mais iluminado. Ao contrário de outros anos, a maioria das câmaras não prevê a realização de grandes concertos de rua, mercados, pistas de gelo ou carrosséis. A preocupação com a pandemia é a tónica principal das iniciativas previstas para a quadra natalícia, e embora muitos eventos fiquem de fora do calendário deste ano, a maioria das autarquias prevê gastar mais dinheiro em iluminações.
O JN contactou 25 das maiores câmaras municipais do país, entre as quais as 18 capitais de distrito de Portugal continental, e chegou à conclusão que mais de metade (13) vai gastar mais na iluminação de ruas, comparativamente ao ano passado. Apenas Guimarães, Vila Real, Leiria e Braga preveem diminuir a fatura, embora algumas destas não tenham o orçamento fechado.
A Câmara de Lisboa é a que prevê gastar mais dinheiro, cerca de 800 mil euros, o mesmo que em 2019. Segue-se o Porto, cuja dotação é de 395 mil euros, ligeiramente acima dos 370 mil euros de 2019. O reforço da verba prende-se com o facto de as luzes serem "uma tradição já enraizada e muito apreciada e que, no contexto atual, assume ainda maior relevância para o estímulo ao comércio", refere a Autarquia. Em terceiro lugar está Gaia (passa de 300 mil euros para 330 mil) e logo a seguir Águeda, com 311 mil euros de orçamento, mais 100 mil que no ano passado. O concelho aguedense é, a par de Viana do Castelo, dos poucos que já têm as ruas iluminadas para o Natal.
Edson Santos, vice-presidente da Câmara, diz que o objetivo foi "dar uma luz de esperança aos comerciantes". De fora fica a habitual animação de rua e a venda ambulante.
O fim de eventos icónicos dos respetivos concelhos é uma constante este ano. Em Aveiro não há o desfile de pais natais em moliceiro, em Bragança não há a Terra Natal e de Sonhos, que juntava dezenas de milhares de pessoas, e em Coimbra ou Faro não há a tradicional animação de rua.
As câmaras que cancelaram eventos estão a conduzir a verba para luzes. Coimbra, por exemplo, quase duplicou o orçamento para as 420 mil luzes que vai instalar. "O objetivo foi canalizar para esta vertente o investimento que habitualmente é disponibilizado para atividades ao ar livre", informou a vereadora da Cultura, Carina Gomes. Quanto a espetáculos, nenhuma Câmara admite realizar concertos de rua, embora o Teatro Aveirense, o Altice Forum Braga e o Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, tenham eventos. Em Faro, parte do valor que era investido na animação vai ser direcionado para uma campanha de incentivo ao consumo no comércio local e na restauração, que está a ser ultimada em articulação com as quatro associações dos setores. Portalegre, Santarém e Setúbal não divulgaram a verba que vão gastar.
Porto cancela e Aveiro promete ter a maior
As árvores de Natal de grandes dimensões, habitualmente colocadas nas principais praças das cidades, são um dos maiores atrativos da programação de Natal. Neste capítulo, a política municipal é diversa e vai desde o Porto, que optou por não ter árvore para não promover ajuntamentos, a Aveiro, que promete ter a maior do país. O pinheiro de 50 metros que a Autarquia aveirense vai instalar no Cais da Fonte Nova já é propriedade municipal. Beja, Castelo Branco e Viana do Castelo são outras câmaras que anunciaram que já têm ou vão ter árvore de Natal.
Maior Pai Natal
Águeda volta a ter o maior Pai Natal do Mundo, uma instalação da altura de um prédio de sete andares que fica na margem direita do rio. A estrutura com mais de 21 metros já está no livro de recordes do Guinness.
À distância
As iluminações deste ano de Almada caraterizam-se por peças de grande porte que permitem a fotografia e a observação à distância para evitar ajuntamentos.
Inaugurações
A maioria das câmaras prevê inaugurar as luzes a 27 de novembro e 1 de dezembro. Há ainda as que prometem deixar as iluminações de Natal na rua durante mais tempo para promover o comércio local.
*com S.C., A.C., S.F., J.P.C., A. P. F., S. F., F. P., R. M., G.L., M. R., S. F., M. F., T. C., A. L. A., E.P. e C. D.